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O ENEM 2010 E AS ESCOLAS DO BRASIL


É diferente uma escola em um bairro nobre, com um investimento anual dez vezes superior ao de uma escola pública, em área rural, que atende filhos de lavradores que não tiveram acesso à educação. Situação diferente é a de estabelecimentos com perfis semelhantes em termos de localização, financiamento e alunado, mas rendimento escolar discrepante. Nesses casos, segundo Haddad, o gestor precisa tomar providências para melhorar a escola com fraco desempenho e replicar experiências de sucesso. Quando tem a mesma clientela e desempenho desigual, aí cabe ao gestor público agir (Fernando Haddad, Ministro da Educação do Brasil).

AS NOTÍCIAS

Às vésperas de uma nova edição do Exame Nacional do Ensino Médio – Enem, sai o resultado da edição do ano de 2010, trazendo as médias obtidas pelas escolas participantes. Desta vez, a novidade é que as escolas foram divididas em quatro grupos, de acordo com o percentual de alunos concluintes do ensino médio que participaram do Enem. O Grupo 1 é aquele cuja taxa de participação é igual ou superior a 75%. O Grupo 2 reúne as escolas cuja participação está entre 50% e 75%. Do Grupo 3 fazem parte as escolas que apresentaram taxa de participação entre 25% e 50%. No Grupo 4 estão as escolas com taxa de participação inferior a 25%.

E as manchetes dos jornais e revistas já levam os leitores a concluírem que, mais uma vez, os resultados não foram bons. No Espírito Santo, o jornal "A Gazeta" do dia 12 de setembro trouxe: "Em queda. Em geral, as notas do Exame foram menores em 2010". E a notícia:

A pontuação das escolas capixabas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2010 caiu em relação ao ano anterior. Enquanto em 2009, a escola melhor colocada obteve uma média de 703,67 pontos, ocupando a 48ª posição no ranking nacional, em 2010, o Colégio Leonardo da Vinci – primeiro colocado – ficou com média 690,64, na 102ª posição (GIACOMIN, , 2011, p.3).

Na página seguinte, a informação de que o primeiro colocado no ranking nacional, o Colégio São Bento do Rio de Janeiro, obteve 761,7 pontos de média. 71,06 pontos acima do primeiro colocado no Espírito Santo.

No dia 13 de setembro, mais uma vez, o resultado do Enem é destaque do dia no jornal "A Gazeta": "Escolas públicas. 92% abaixo da média". E a notícia não é nada animadora:

Cerca de 92% das escolas públicas do Estado não alcançaram a nota média das provas objetivas do Enem 2010. (...) A média, segundo o governo federal, é de 511,21 pontos (THOMPSON, 2011, p. 3).

Assim, no resultado do Enem, apenas 20 das 276 escolas públicas participantes fizeram mais pontos do que a média nacional. Entre as escolas particulares, das 102 participantes, quatro não alcançaram a média.

Ainda nesta edição do jornal "A Gazeta", a opinião de Roberto Garcia Simões, sob o título "ES leva pau no Enem" pinçando detalhes dos resultados do Espírito Santo no Enem:

Tomando-se os devidos cuidados com interpretações do Enem, deve-se registrar, mais uma vez, o desempenho horroroso do Estado no Brasil- tanto no topo quanto no piso das médias de alunos por escola, em 2010 (SIMÕES, 2011, p. 17).

E entre os detalhes, é chamada a atenção para o fato de que o Espírito Santo não tem nenhuma escola, nem pública, nem particular, entre as 100 com as melhores médias do País. Entre as 100 piores médias das escolas públicas com mais de 75% de participação dos alunos, no entanto, o Espírito Santo aparece com 31 escolas com as menores médias, sendo seguido pelo estado do Ceará, com 16 escolas, Maranhão, com 11, e Santa Catarina com uma. Outro detalhe é que a segunda pior média nacional, é da EEEFM José R. Christo, situada na zona rural de Afonso Cláudio que, ficou na frente apenas da Escola Estadual Índígena Txeru Ba' e Kua, localizada no município de Betioga, em São Paulo

E em todas as reportagens, nessas e nas dos dias seguintes, é destacada a diferença entre o desempenho das escolas públicas e particulares.

Mas a perplexidade, apesar de serem resultados que se repetem a cada ano, não se restringe ao Espírito Santo. A revista Veja de 21 de setembro deu destaque ao resultado do Enem, começando por focalizá-lo já na Carta ao Leitor, intitulada "O descalabro do ensino". E traz:

A tabulação das provas do Enem feitas por 3,2 milhões de estudantes brasileiros traduz em números uma realidade que, de tão perversa, exigiria que de uma vez por todas a educação de qualidade fosse colocada como a grande prioridade nacional: apenas 6% das escolas – 1.500 de um total de 23.900 que participaram do exame – poderiam ser listadas como instituições de ensino que formam alunos preparados para os imensos desafios propostos pela economia global e digital do século XXI. É muito pouco. É quase nada. É um desastre. Urge mobilizar as energias do país para começar a reverter esse trágico descalabro.

Na mesma edição da revista, a reportagem "É preciso preencher a cabeça deles", em que são mostrados os números alcançados pelas escolas brasileiras no exame e feita uma comparação entre alguns aspectos da educação no Brasil e em países da OCDE- Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, com ênfase na formação dos professores e no tempo dos alunos em sala de aula. Segundo a reportagem, enquanto no Brasil os cursos de pedagogia destinam apenas 20% do tempo à prática escolar e muitos professores, cerca de 4000, nunca sequer pisaram em uma universidade, os cursos em países da OCDE são voltados para a prática e as pessoas sem a formação adequada não podem pleitear emprego como professor. Enquanto no Brasil o tempo dos alunos em sala de aula é, geralmente, de 4 horas diárias, nos países da OCDE, o número de horas diárias é de 6 horas, chegando a 8 horas em países como a Coréia do Sul e Finlândia. Cita, ainda, uma pesquisa que acompanhou o dia a dia de dezoito escolas públicas durante quase um ano e que chegou à conclusão de que "mesmo entre as melhores, o tempo líquido em sala de aula não passava de duas horas e treze minutos, contados no relógio" (BETTI et all, 2011, p. 93).

Ainda nessa edição, a revista traz o ensaio do economista Cláudio de Moura Castro sob o título "Ensino médio com sabor de jabuticaba", em que o foco é no currículo único do ensino médio brasileiro em contraposição aos de outros países e no "inchaço" do currículo, com excesso de disciplinas obrigatórias.

(...) como se pode ver nos livros, há assuntos demais, dentro de cada disciplina, como se todos fossem gênios e tempo das aulas fosse o dobro. Como nos diz a teoria cognitiva – e Whitehead, lá nos idos de 1917 -, o que quer que se ensine tem de ser em profundidade. Com a inundação dos conteúdos, nada se aprende, mas de tudo se ouve falar. Sabemos que só se aprende quando se aplica, mas falta tempo para lidar com exemplos, projetos e pesquisas. Sem isso, nada feito. Soma-se ao desastre uma jornada escolar excessivamente curta, além das greves e do mau uso do tempo (CASTRO, 2011, p. 98).

E cita o que ele chamou de "uma dieta mínima", impopular, segundo ele, para melhorar essa situação:

1- limitar dramaticamente as disciplinas obrigatórias, com português, matemática e pouco mais;

2- redefinir as ementas, de forma que as exigências sejam explícitas e estejam ao alcance do aluno real;

3- variar os níveis de exigência, de acordo com o perfil do aluno;

4- diversificar, para atender às preferências dos alunos, pela oferta de "sabores" diferentes (humanidades, ciências naturais, biológicas, etc.);

5- enfatizar a aplicação das teorias em projetos e exercícios práticos (impossível com o dilúvio curricular de hoje);

6- simplificar o acesso e mesmo encorajar excelentes profissionais sem licenciatura a ensinar matérias afins à sua área (engenheiros, médicos, advogados, farmacêuticos etc.);

7- aumentar a jornada escolar em pelo menos uma hora, para todos os alunos da escola, não apenas para um grupelho (CASTRO, 2011, p. 98).

OS RESULTADOS: PÚBLICAS X PRIVADAS

Considerando-se apenas as escolas com mais de 75% de participação, entre as cem melhores pontuações, aparecem 87 escolas privadas e 13 escolas públicas, entre elas nenhuma de rede estadual ou municipal. As escolas públicas que se destacaram são colégios de aplicação de universidades, colégios militares, escolas federais e escolas técnicas. E, entre as cem piores, apenas uma escola privada: o Colégio Espaço Fera, do estado de Pernambuco, que obteve 480,56 pontos, ocupando a 4.141ª posição.

Entre as mil escolas, com participação superior a 75%, que obtiveram as maiores pontuações, 926 são privadas e 74 são públicas, enquanto entre as mil que obtiveram as menores pontuações, 289 são privadas e 711 são públicas.

Responsáveis por 88% das matrículas do ensino médio do país, as escolas públicas são maioria entre as que ficaram com nota abaixo da média nacional no Enem 2010 (511,21 pontos), representando 96,0% do total.

É importante, também, que analisemos os resultados obtidos pelas escolas públicas e privadas no Enem 2010 em cada uma das áreas avaliadas.

Tabela 1: Médias por prova no Enem 2010, entre as escolas com mais de 75% de participação.

Disciplinas

Média no País

Média nas escolas privadas

Média nas escolas públicas

Diferença entre as médias/percentual de diferença entre as escolas privadas e públicas

Matemática e suas tecnologias

576,87

600,21

509,67

90,54 /17,7%

Ciências humanas e suas tecnologias

585,49

602,57

536,29

66,28 /12,3%

Linguagens, códigos e suas tecnologias

552,84

569,66

504,41

65,25 / 12,9%

Ciências da natureza e suas tecnologias

532,87

548,78

487,06

61,72 / 12,6%

Redação

636,56

651,37

593,81

57,56 / 9,7%

Fonte: Blog do Alderi, 16 set. 2011.

Essa discrepância entre os resultados das escolas públicas e escolas privadas é vista pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, como "intolerável". Mas, para ele,

Às vezes, as condições socioeconômicas das famílias explicam muito mais o resultado de uma escola do que o trabalho do professor e do diretor. E, muitas vezes, as escolas são sobrecarregadas com responsabilidades que não são delas. É muito diferente uma escola de um bairro nobre de uma região metropolitana de classe média, cujo investimento por aluno é dez vezes o investimento por aluno da rede pública, de uma escola rural que atende a filhos de lavradores que não tiveram acesso à alfabetização.

Para Mozart Neves Ramos, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) e do Conselho de Governança do movimento Todos Pela Educação, a ausência de escolas públicas entre as melhores do Enem não é novidade e deriva da desigualdade de acesso a oportunidades educacionais no país. Para ele,

Esse quadro é um reflexo do próprio apartheid [regime de segregação racial na África do Sul], causado por uma educação que não é oferecida no mesmo patamar a todos desde a alfabetização. As avaliações mostram que essa desigualdade [da qualidade do ensino oferecido por públicas e particulares] começa lá atrás e vai se acentuando ao longo do percurso escolar. O jovem da escola particular chega ao nível de formação e aprendizado esperados quando termina o ensino médio, mas o da escola pública chega com três ou quatro anos de déficit na aprendizagem. A luta é desigual.

Os dois especialistas, assim como muitos outros, apontam para as diferenças existentes entre as condições sócio-econômicas dos alunos das escolas públicas e das escolas privadas como a causa do fosso que separa o desempenho dos estudantes de cada esfera administrativa. No entanto, em um estudo recente publicado no blog Damarlu Educação (www.damarlueducar.blogspot.com), verificamos que as consequências da incidência da pobreza não se dão de forma linear, isto é, nem sempre existe uma correlação entre o nível da pobreza e o desempenho do sistema de ensino.

O estudo tomou como referência os resultados do Censo Escolar 2010. Nele foram analisados rendimentos dos sistemas de ensino como distorção idade-série, reprovação e abandono escolar, relacionando-os com a incidência da pobreza, levando em consideração os dados do Mapa da Pobreza e Desigualdade 2003, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.

No caso da distorção idade-série, realmente as regiões Norte e Nordeste, com maior incidência da pobreza, apresentaram os maiores índices de distorção idade-série, apesar de ter ocorrido uma inversão entre as regiões: a região Norte, com menor incidência da pobreza, apresentou índices mais preocupantes que a região Nordeste. Além disso, entre os estados da região Nordeste, a Bahia, estado com menor incidência da pobreza, apresentou o maior índice de distorção idade-série, no ensino fundamental, seguido pelo estado do Sergipe, segundo com menor índice de pobreza. O estado do Ceará, o 5º estado menor incidência da pobreza da região, foi o que apresentou o menor índice de distorção idade-série.

No ensino médio, o Piauí, o 4º estado com maior incidência da pobreza, apresentou o maior índice de distorção idade-série, seguido pelos estados da Bahia e Sergipe, 1º e 2º estados com menor incidência da pobreza da região.

Na região Norte, Rondônia, o estado com menor incidência da pobreza, apresentou o 3º melhor índice na distorção idade-série, no ensino fundamental, seguido pelos estados do Tocantins, 4º estado com menor incidência da pobreza e Roraima, 2º estado com menor incidência da pobreza.

No ensino médio, os três estados continuam a encabeçar os melhores índices: Roraima em 1º lugar, seguido por Rondônia e Tocantins. Na região Norte, portanto, a hipótese de que quanto maior a pobreza, piores são os resultados parece se confirmar.

Entre as regiões com menor incidência da pobreza, também, ocorre uma inversão nos índices de distorção idade-série: a ordem crescente da incidência da pobreza é Sudeste, Centro-Oeste e Sul, enquanto a ordem, também crescente, em que se dá o índice distorção idade-série é Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Isto é, a região com maior incidência da pobreza é a que apresenta o menor índice de distorção idade-série.

Na região Sudeste, analisando-a isoladamente, tanto no ensino fundamental como no médio, quanto maior a incidência da pobreza, maior, também a distorção idade-série, chamando a atenção os índices dos estados de Minas Gerais e São Paulo, que, apesar de apresentarem a mesma incidência da pobreza, apresentam índices bastante diferenciados de distorção idade-série: no ensino fundamental, o estado de Minas Gerais apresenta índice de 19,3% e São Paulo de 8,4%; no ensino médio, Minas Gerais apresentou índice de 31,3% e São Paulo de 18,1%.

Na região Sul, o estado do Rio Grande do Sul apresentando a menor incidência da pobreza, apresenta os maiores índices de distorção idade-série, tanto no ensino fundamental, como no ensino médio. No ensino fundamental, o Paraná, com maior incidência da pobreza, é o estado que apresenta a menor distorção idade-série.

Na região Centro-Oeste, tanto no ensino fundamental como no médio, o Distrito Federal, com maior incidência da pobreza, apresenta os menores índices de distorção idade-série. Goiás, estado com a menor incidência da pobreza, em ambos os casos, apresenta o 3º maior índice de distorção idade-série.

No caso da reprovação no ensino fundamental, as regiões com maior incidência da pobreza também apresentam os maiores percentuais de alunos reprovados e a ordem dos rendimentos das regiões coincide com o da incidência da pobreza: a região Nordeste apresenta percentual mais elevado de alunos reprovados que a região Norte. Já no caso das regiões com menor incidência da pobreza, os rendimentos se invertem: a região Sudeste, com maior incidência da pobreza, apresenta o melhor rendimento, seguido pela região Centro-Oeste. A região Sul, com a menor incidência da pobreza, apresenta o pior rendimento.

No ensino médio, as regiões Norte e Nordeste apresentam rendimentos superiores aos das demais regiões, com a região Nordeste apresentando, ainda, melhor rendimento do que a região Norte. Entre as demais regiões, a região Sudeste continua a apresentar o melhor rendimento, apesar de ser ela a região com maior incidência da pobreza. Ela é seguida pela região Sul, apresentando, a região Centro-Oeste, o maior percentual de alunos reprovados entre todas as regiões do país.

Entre os estados da região Nordeste, tanto no ensino fundamental como no ensino médio, os estados com menor incidência da pobreza, Bahia e Sergipe, são os que apresentam os piores rendimentos. O Rio Grande do Norte, um dos três estados com menor incidência da pobreza, apresenta o 3º pior percentual de reprovação no ensino fundamental. O Ceará, Maranhão e Pernambuco, 5º, 3º e 6º estados com maior incidência da pobreza na região apresentam os três melhores rendimentos.

No ensino médio, o Rio Grande do Norte, um dos três estados com menor incidência da pobreza, apresenta o melhor rendimento, seguido pelo Ceará e Pará, esse último o 2º estado com maior incidência da pobreza na região.

Entre os estados da região Norte, no ensino fundamental, Rondônia, o estado com menor incidência da pobreza, apresentou o maior percentual de alunos reprovados. O Acre, por sua vez, em terceiro lugar em incidência da pobreza, apresentou o melhor resultado da região.

No ensino médio, o Amazonas, estado com a maior incidência da pobreza da região, apresentou o melhor rendimento, enquanto Roraima, o segundo estado com menor incidência da pobreza, apresentou o pior rendimento.

Entre os estados da região Sudeste, quanto maior a incidência da pobreza, maior o índice de reprovação de alunos, tanto no ensino fundamental como no ensino médio.

Na região Centro-Oeste, no ensino fundamental, o estado do Mato Grosso, segundo em incidência da pobreza, apresentou o melhor resultado. O Mato Grosso do Sul, segundo estado com menor incidência da pobreza, foi o que apresentou o maior percentual de alunos reprovados.

No ensino médio, só ocorreu inversão entre os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul: o primeiro, com maior incidência da pobreza, apresentou rendimento superior ao do segundo.

Na região Sul, o Rio Grande do Sul, estado com menor incidência da pobreza, apresentou, tanto no ensino fundamental como no médio, maior percentual de alunos reprovados. O melhor rendimento ficou com o estado de Santa Catarina.

No caso do abandono escolar, as regiões com maior incidência da pobreza apresentaram os piores resultados, havendo inversão apenas entre as regiões Sudeste e Sul, com a primeira apresentando rendimentos superiores ao da segunda, em ambas as etapas da educação básica e, no ensino médio, entre as regiões Norte e Nordeste.

Entre os estados da região Nordeste, no ensino fundamental, enquanto os estados do Ceará e Maranhão, 5º e 3º em incidência da pobreza, apresentaram os melhores índices da região, os estados do Sergipe, Bahia e Rio Grande do Norte, estados com as menores incidências da pobreza na região, apresentaram os três piores rendimentos, nessa ordem.

No ensino médio, os estados da Bahia e Sergipe continuam a apresentar os piores resultados da região. Já o Rio Grande do Norte apresentou o melhor rendimento, seguido pelo Ceará.

Na região Norte, no ensino fundamental, os estados com maior incidência da pobreza, Pará e Amazonas, apresentaram os maiores percentuais de abandono escolar. Os estados do Tocantins, 4º em incidência da pobreza, e Roraima, segundo estado com menor incidência da pobreza, apresentaram os melhores rendimentos.

No ensino médio, o estado do Pará apresenta o pior resultado, antecedido pelo Amapá, estado que está entre os três com menor incidência da pobreza. Os melhores resultados foram, mais uma vez, apresentados pelos estados de Roraima e Tocantins, nessa ordem.

Chama a atenção o fato de que, Rondônia, o estado com menor incidência da pobreza da região, apresente o 4º pior resultado, atrás do estado do Acre, no ensino fundamental, 3º em incidência da pobreza, e do Amazonas, estado com maior incidência da pobreza, no ensino médio.

Na região Sudeste, o estado de São Paulo, com menor incidência da pobreza, apresentou o melhor rendimento tanto no ensino fundamental como no médio, enquanto o Rio de Janeiro, estado com maior incidência da pobreza, apresentou o pior rendimento. Os outros dois estados alternaram os seus rendimentos: no ensino fundamental, é o Espírito Santo que apresenta o melhor resultado e, no ensino médio, o melhor resultado foi o do estado de Minas Gerais.

Na região Sul, o estado do Paraná, com maior incidência da pobreza, apresentou também o pior percentual de abandono escolar, no ensino fundamental e o melhor no ensino médio. O Rio Grande do Sul, por sua vez, estado com menor incidência da pobreza, apresentou, no ensino fundamental, rendimento menor que o de Santa Catarina. No ensino médio, foi ele a apresentar o pior rendimento.

Entre os estados da região Centro-Oeste, os dois estados com menor incidência da pobreza, Goiás e Mato Grosso do Sul, nessa ordem, tiveram os piores resultados no ensino fundamental. No ensino médio, continua sendo do estado de Goiás o pior rendimento, enquanto o Distrito Federal, com maior incidência da pobreza, apresenta o melhor rendimento da região.

Analisando, mediante os dados do Censo 2010, o rendimento das escolas privadas, em cada uma das regiões, verificamos que, nem nesse caso, os dados coletados levam a crer que apenas a situação sócio-econômica é capaz de explicar as disparidades registradas na educação do país. Vejamos: a região Sul, região com menor incidência da pobreza, apresentou o melhor rendimento quando analisados os percentuais de reprovação no ensino fundamental e no ensino médio. Por sua vez, a região Centro-Oeste, 2ª região com menor incidência da pobreza, apresentou, nesse aspecto, os piores percentuais nas duas etapas da educação básica.

Ainda: o 2º melhor resultado, tanto no ensino fundamental como no médio, foi apresentado pela região Norte, 2ª também na incidência da pobreza. No ensino fundamental, ela é seguida pelas regiões Sudeste e Nordeste, nessa ordem. No caso do ensino médio, a região Norte é seguida pelas regiões Nordeste e Sudeste, nessa ordem. No ensino médio, portanto, as regiões com maior incidência da pobreza, Nordeste e Norte, apresentaram resultados superiores aos das regiões Sudeste e Centro-Oeste.

No caso do abandono escolar, os resultados do Censo 2010 indicam que as duas regiões com maior incidência da pobreza apresentam resultados piores do que o grupo das regiões com menor incidência da pobreza, tanto no ensino fundamental, como no médio. No ensino fundamental, a ordem só é alterada com relação às regiões Sudeste e Centro-Oeste, com essa última apresentando rendimento inferior ao da primeira. No ensino médio, a região Sudeste apresentou o melhor rendimento, seguida pelas regiões Sul e Centro-Oeste, nessa ordem.

Vemos, assim, que é querer simplificar a análise das causas dos resultados do Enem 2010 e de outros muitos exames que são aplicados visando avaliar o desempenho dos alunos da educação básica, impingir, de imediato, e sem maiores análises, a culpa, pelo mau desempenho das escolas públicas, à situação sócio-econômica dos seus alunos. Existem bons resultados em locais cercados de dificuldades e em escolas sem a mínima infraestrutura. Da mesma forma que existem resultados ruins em escolas e locais cercados, aparentemente, de todas as condições para um bom funcionamento.

No Espírito Santo, o jornal "A Gazeta" do dia 8 de junho de 2011 trouxe a notícia: "Nota 10. Professores do interior dão lição de desempenho". E a notícia:

As escolas do interior do Estado mais uma vez mostraram que, em matéria de qualidade de ensino, dão um banho nas unidades da Região Metropolitana. Os melhores resultados do Índice de Desenvolvimento das Escolas Estaduais (IDE) estão em escola da zona rural, onde, na maioria das vezes, falta o básico, como salas de aula, livros, internet e onde os alunos de várias séries chegam a estudar, juntos, em um mesmo espaço, geralmente improvisado (THOMPSON, 2011, p.5).

Entre as dez primeiras do ranking todas são do interior do Estado e entre as dez piores, são listadas oito escolas da região metropolitana. A pior escola está localizada na região metropolitana, mais especificamente em Cariacica. E a notícia traz que ela, a Escola Dr. José Moysés, que teve IDE de 8,89 (o maior foi de 77,47), está em obras desde o ano de 2008: a escola não conta com biblioteca, laboratórios e os alunos têm aulas de Educação Física em locais improvisados, porque a quadra de esportes está servindo de abrigo para os módulos instalados para servirem de sala de aula.

Por sua vez, mais recentemente, a revista Veja trouxe uma reportagem sob o título "Uma equação vencedora":

Um grupo de professores conseguiu a façanha de formar jovens campeões de matemática em locais cheios de adversidades e com os piores indicadores do país. Eles combinaram esforço com meritocracia (ROMERO; BORGES, 2011, p. 104-108).

Com certeza, esses resultados não dependem apenas do esforço individual dos professores, apesar de ele ser um dos fatores principais. E outros fatores? São necessárias pesquisas que possam levar tais experiências a outros locais. Só não se pode admitir que os responsáveis pela adoção de políticas adequadas ao bom desenvolvimento da educação considerem que, se esses professores conseguiram bons resultados na base do improviso, todos podem conseguir.

Considerando que índices de reprovação e de abandono escolar, assim com os de distorção idade-série são vistos como indicativos do rendimento dos sistemas de ensino, parece-nos estranho que os dados do censo 2010 não sejam coerentes com os resultados obtidos no Programa Internacional de Avaliação de Alunos – Pisa, exame coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE. O exame é aplicado com vistas a melhorar as políticas e resultados educacionais, tendo contado, no ano de 2009, com a participação de 65 países – 34 membros da OCDE e países convidados. Ele é aplicado de forma amostral, segundo critérios definidos pelo Consórcio Internacional contratado pela OCDE para administrar o programa. Caracterizam-se como alunos elegíveis para o PISA todos aqueles na faixa dos 15 anos de idade, matriculados da 7ª série (8º ano) em diante, até o final do Ensino Médio, compreendendo, como estratos principais, as 27 unidades da federação, e como substratos a organização administrativa da escola (pública ou privada), a localização (rural e urbana), incluindo todas as capitais e cidades do interior em cada estado) e o Índice de Desenvolvimento Humano - IDH do estado (cidades com IDH acima ou abaixo da média do estado). O Exame contou, no ano em foco, com a participação de 950 escolas brasileiras e 20.127 alunos. O universo dos participantes abrangeu 470 mil alunos.

Analisemos os seus resultados: entre os 65 países, o Brasil obteve resultados que o colocaram na 53ª posição, atrás de países do Grupo Íbero-americano do Pisa, como o Chile, Espanha, México, Portugal e Uruguai: a média internacional foi 496 e a do Brasil, 401. Em nenhuma das áreas avaliadas, o Brasil obteve média igual ou maior do que a da OCDE. O desempenho das regiões foi dividido em duas partes: regiões com maior incidência da pobreza (Nordeste e Norte) apresentando as piores médias e regiões com menor incidência da pobreza (Sudeste, Centro-Oeste e Sul) apresentando as melhores médias. A exceção com relação aos estados ficou com o estado do Mato Grosso (região Centro-Oeste) que obteve média inferior a de Rondônia (região Norte).

O Distrito Federal, com a maior incidência da pobreza na região Centro-Oeste, apresentou a melhor média do país, mas não alcançou a média internacional: a sua média foi 439. Seguindo-o, na região, temos o Mato Grosso do Sul em 9º lugar, Goiás, em 10º e Mato Grosso em 12º lugar. Na região, a ordem crescente de incidência da pobreza é: Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Na região Sul, o estado de Santa Catarina obteve a melhor média, a 2ª melhor do país, seguido do Rio Grande do Sul com a 3ª maior e o Paraná com a 5ª. Na região, a ordem da incidência da pobreza em ordem crescente é Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Na região Sudeste, Minas Gerais, o estado com menor incidência da pobreza juntamente com São Paulo, obteve a 4ª maior pontuação do país, seguida pelo Espírito Santo - 6ª pontuação -, São Paulo – 7ª pontuação - e Rio de Janeiro, com a 8ª maior pontuação do país. Aqui também não temos discrepâncias entre o resultado do Pisa e a incidência da pobreza.

Na região Nordeste, a melhor pontuação – a 12ª do país - foi alcançada pelo estado da Paraíba, o 2º estado com maior incidência da pobreza do Brasil, seguido pelos estados da Bahia, estado com a menor incidência da pobreza, Pernambuco, Ceará, Piauí, Sergipe, o 2º estado com menor incidência da pobreza, o Rio Grande do Norte, o 3º estado com menor incidência da pobreza, Maranhão e Alagoas, esses últimos, com as menores pontuações do Brasil, também são os estados que têm as maiores incidências da pobreza do país.

Na região Norte, Rondônia, estado com a menor incidência da pobreza, obteve a melhor pontuação da região e a 11ª do país. Segue-o os estados de Tocantins, Amapá, Pará, Roraima, Acre e Amazonas. O Amazonas, estado com a maior incidência da pobreza da região, também foi o que obteve a menor pontuação.

E se analisarmos os resultados das escolas por dependência administrativa, vamos verificar que realmente a discrepância entre as pontuações obtidas e os seus significados em termos de classificação internacional são deveras preocupante. A Tabela 2 apresenta essas pontuações e a posição que seria obtida pela rede de ensino se avaliada isoladamente.

Tabela 2: Médias gerais e pontuação por área, por dependência administrativa no Pisa 2009.

Dependência Administrativa

Média Geral

Posição

Leitura

Posição

Matemática

Posição

Ciências

Posição

Todas

401

53ª

412

52ª

386

52ª

392

50ª

Pública Federal

528

535

521

13ª

528

Privada

502

18ª

516

486

29ª

505

17ª

Pública não Federal

387

60ª

398

58ª

372

52ª

392

50ª

Fonte: Inep/MEC (na definição das posições não foram utilizados critérios de desempate)

Considerando que as médias da OCDE foram: média geral, 496; leitura, 493; matemática, 495 e ciências, 500, verificamos que a rede pública federal obteve pontuação, em leitura, somente inferior a da Finlândia, Coréia e China (Xangai); em ciências, ela estaria apenas atrás dessas e mais, China (Hong Kong), Cingapura, Canadá, Nova Zelândia e Japão. Além desses, em Matemática, a rede federal de ensino, ainda estaria atrás da Holanda, Liechtenstein, Taiwan e Itália. Portanto, a rede pública federal de ensino, em todas as áreas avaliadas, teve médias superiores às médias dos países da OCDE e, se o sistema nacional de educação fosse composto apenas pelo sistema federal de educação, o Brasil teria alcançado a 7ª posição no ranking mundial, à frente de países como o Canadá e Nova Zelândia.

O desempenho das escolas privadas, se avaliado isoladamente, ficaria na 18ª posição com relação aos países participantes. Em leitura, a sua posição seria a 9ª, em matemática, a 29ª e em ciências, a 50ª posição. Como se vê, em matemática, a média obtida é inferior à média da OCDE.

Mas, quando avaliamos o conjunto das escolas públicas de órbitas diferentes da federal, o resultado é lamentável: em leitura, a posição é a 52ª, em matemática, a 48ª, e em ciências, a 45ª. No entanto, como vimos, o Brasil tem no seu sistema de educação, o modelo de sucesso. Por que ele não é implementado?

E o que temos então no Brasil? Exames, exames e exames!... Parece-nos que a cada mês aparecem novos resultados mostrando o fraco desempenho da maioria dos estudantes brasileiros, que são aqueles que estão nas escolas públicas estaduais e municipais. A cada um desses resultados parece que o fosso que separa as escolas públicas, estaduais e municipais, das escolas federais e particulares aumenta mais. E para que servem os exames? Apenas para essa constatação? Para, uma vez mais, impingir às diferenças sócio-econômicas, aos professores, aos pais dos alunos, aos políticos, à própria sociedade, a culpa pelo fracasso? Dessa vez, como vimos, as diferenças sócioeconômicas entre os alunos está levando a culpa, pois o ministro da Educação, Fernando Haddad, apesar de considerar a diferença entre os desempenhos dos alunos da rede pública e da particular como "intolerável", considera, também, "que muitas vezes o baixo desempenho está relacionado não apenas às condições da escola, mas de seu entorno" (ESCOLAS...2011). Isto é, às condições sociais do aluno.

E temos mais: ao opinar sobre a proposta de se afixar em todas as escolas o Ideb-Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – alcançado, a secretaria de educação básica do MEC, Pilar Lacerda, afirmou: "Divulgar o Ideb é necessário. Mas o contexto onde está a escola faz muita diferença nos resultados. Por isso é perigoso uma comparação 'fria' dos resultados"(IOSCHPE, 2011). E assim, a culpa nunca é imputada às condições da escola, aí se incluindo a infraestrutura, o corpo docente, a administração, os materiais pedagógicos disponíveis, etc, etc. Segundo Ioschpe (2011, p.88), "nas escolas ruins, o fracasso é dado como coisa natural ou culpa do 'sistema', dos políticos, dos pais, dos alunos ou da sociedade. Nunca é com elas. A terceirização da responsabilidade, produz indolência".

Ainda, segundo Ioschpe (2011), o secretário da Educação do Rio Grande do Sul, José Clovis de Azevedo, emitiu a sua opinião em evento oficial em que atuou como palestrante, sobre a escola que tem o mais baixo Ideb de uma cidade da Grande Porto Alegre, dizendo que "o importante dessa escola não é o resultado do Ideb, mas o fato de ela ser uma escola inclusiva", pois atende a alunos de áreas de baixa renda. Ora, como inclusão social se a escola não é capaz nem de alfabetizar os seus alunos? O objetivo da escola é só ocupar o tempo do aluno durante algumas horas do dia? Aquilo que ele aprende ou não aprende não é importante? Para o pobre, basta apenas a "inclusão social", segundo o conceito do Secretário?

Se levarmos os posicionamentos da secretária de Educação Básica, do ministro da Educação, do secretário de Educação do Rio Grande do Sul e de muitos outros em consideração, perderemos a oportunidade de investigar situações que fogem da relação "quanto mais pobres, piores os resultados". Como explicar que o Piauí, 5º estado com maior incidência da pobreza, tenha duas de suas escolas entre as 100 melhores notas do Enem, uma delas na 2ª posição, o Instituto Dom Barreto, e a outra na 8ª posição, o Educandário Santa Maria Goretti? Entre as 100 melhores pontuações, ele aparece com 5 escolas, enquanto o estado com menor incidência da pobreza, o Rio Grande do Sul, aparece com 2. Entre as 100 piores pontuações, o estado do Piauí, com 53,11% de incidência da pobreza, aparece com 4 escolas, mesma quantidade do estado de Minas Gerais, que tem 26,60% de incidência da pobreza. E o estado do Espírito Santo que apareceu com 31 escolas entre as 100 piores do Brasil, nenhuma entre as 100 melhores e tem 30,88% de incidência da pobreza?

E as soluções que surgiram após a divulgação desses resultados? O jornal "A Gazeta" do dia 13 de setembro trouxe: "Ministro defende exame obrigatório". E a notícia:

O ministro da Educação, Fernando Haddad, defendeu ontem a possibilidade de tornar o Enem obrigatório no país. "Seria uma atividade obrigatória para a conclusão dos estudos. Não significa que o estudante precisaria atingir uma nota específica, mas a participação", disse (THOMPSON, 2011, p. 3).

Não entendemos! Seria essa uma das estratégias para a melhoria do rendimento dos alunos? Ora, no estado do Espírito Santo o Enem é obrigatório (sic!) desde a edição de 2009, graças a uma Portaria da Secretaria de Educação, e a despeito da não aprovação da medida pelo Conselho Estadual de Educação. No entanto, os resultados não têm melhorado, se era essa a intenção, e, mais ainda: apesar de as escolas públicas terem registrado o maior percentual de participação no país, ele chegou apenas a 67% com mais de 75% de alunos participando.

No mesmo jornal, agora do dia 22 de setembro, outra notícia: "Aluno pode estudar 20
dias a mais por ano". Nela, é informado que o Ministério da Educação (MEC) vai discutir com os secretários estaduais e municipais de educação a proposta de aumento da carga horária anual de aulas. A decisão está fundamentada em pesquisa coordenada por Ricardo Paes de Barros, subsecretário da Secretaria de Assuntos estratégicos da Presidência, que demonstrou que dez dias a mais de aula aumenta em 44% o aprendizado dos alunos e em sete pontos a nota dos estudantes no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). E o ministro, segundo a reportagem, afirmou: "Sempre que o MEC se vê diante de uma evidência forte que algo pode melhorar a partir da descoberta de um estudo, temos que perseguir este objetivo". Segundo ele, ainda, "nenhum país com bom desempenho tem uma carga horária de 800 horas (ou 200 dias letivos". Mas vejam o título da notícia publicada no mesmo jornal no dia 5 de maio deste ano, tratando da carga horária de aulas das escolas estaduais do Espírito Santo. Comparem os títulos das duas notícias: "Alunos vão ter 20 minutos a menos de aula a partir de junho". O motivo foi o atendimento às reivindicações dos professores que ameaçavam entrar em greve. Segundo a reportagem, as aulas que até então tinham 60 minutos de duração passarão a ter 55 minutos. Mas os professores ainda não estão satisfeitos: pretendem negociar 50 minutos por aula até o ano que vem.

Mas, o secretário de Educação, Klinger Barbosa Alves, afirmou que o aluno continuará a ter cinco aulas por dia e que a carga horária muda para o professor, e não para o aluno. E mais: afirmou ainda que "os estudantes terão atividades extras obrigatórias, fora do horário regular de aula, para compensar as horas a menos em sala e cumprir as mil horas previstas pelo programa, por ano".

Ora, como que a carga horária muda para o professor e não para o aluno? Serão contratados outros professores para assumir "as atividades extras obrigatórias"? E que "atividades extras obrigatórias" são essas? A carga horária anual continuará a ser de mil horas, segundo o secretário. Mas, e o conteúdo a ser ministrado será o mesmo? Alguns esclarecimentos precisam ser dados! Por enquanto, a única coisa que está clara é que os alunos, a partir do mês de julho, passaram a ter 20 minutos a menos de aula por dia. E o que temos claro, também, é que o aumento da jornada escolar nas escolas estaduais (sic!) não veio acompanhado das mudanças necessárias na infraestrutura das escolas e nas condições de trabalho dos professores. E isso pode ser comprovado pelas notícias publicadas rotineiramente nos jornais do Estado, comentando a situação de muitas das escolas estaduais (e também municipais). Os alunos, segundo o secretário de Educação terão atividades no contraturno. Mas, em que local? Recentemente, uma das escolas de Guarapari, a EEEFM Leandro Escobar, para atender às crianças no contraturno necessitou utilizar o terraço da casa de uma professora aposentada da escola. Mas foi impedida pela Secretaria de Educação. E, como a escola não tem espaço nem para os alunos do turno, os do contraturno têm atividades em qualquer canto improvisado da escola.

Mais ainda nesta reportagem:

A forma como as 41 horas de aula restantes –necessárias para completar a carga horária anual de mil horas/aula – serão preenchidas ainda não foi definida e ficará a cargo da escola. Para viabilizar a proposta, o aluno também terá que estar disponível no contraturno ou nos finais de semana para completar a sua frequência escolar.

Mas, como afirmou o secretário de Educação na reportagem sobre o mesmo tema no dia 15 de julho (Na volta às aulas, alunos da rede pública sairão mais cedo) "esta é uma oportunidade de liberar a criatividade das crianças e adolescentes e de valorizar o professor" (THOMPSON,2011, p. 10).

Provavelmente, as atividades de contraturno se passem como na escola com Ideb mais baixo de Goiânia, onde os alunos no 4º ano mal sabem ler e que, ao ser visitada pela equipe do JN no Ar – Blitz da Educação, a Diretora afirmou que os alunos têm três horas diárias de atividades de reforço. O Repórter pediu para ver a aula:

Ela era ministrada em área semicoberta por um tatame e compartilhada pelos alunos com alguns instrumentos musicais. Não havia lousa nem material didático. Perguntei pelo arranjo peculiar e me disseram que metade do tempo da aula era usada para lições de tae kwon do (IOSCHPE, p. 88, 2011).

O Informe Publicitário, publicado no jornal "A Gazeta" de 24 de julho, pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo – SINDIUPES parece confirmar que o aumento da carga horária de aulas não foi acompanhado pelas necessárias condições para o seu bom funcionamento. Eis um trecho:

O Sindiupes defende a hora aula de 50 minutos, pois é o tempo adequado para o aproveitamento máximo dos estudantes (sic!) e profissionais da educação básica. Para o sindicato, a ampliação da jornada do aluno só funcionará se vier agregada a condições de ensino que garantam o planejamento, a valorização e a formação continuada dos profissionais. Além de condições físicas e pedagógicas adequadas. Não podemos, por exemplo, tolerar salas superlotadas, escolas degradadas, carência de material didático e outros, uma realidade constante na educação capixaba.

Para o professor(a), a escola não pode ser depósito de alunos, como quer a Sedu (SINDIUPES, 2011, p. 51).

Ainda na edição de "A Gazeta" do dia 5 de maio, na mesma página que noticiou que os alunos da rede estadual do Espírito Santo passariam a ter 20 minutos a menos de aula por dia, foi noticiado também que a Comissão de Educação do Senado tinha aprovado, no dia 3 de maio, dois projetos de lei com o objetivo de ampliar o tempo dos alunos na escola: o PL 385/2007, que altera o inciso VI do artigo 24 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, aumentando de 75% para 80% a exigência de frequência às aulas; e o PL 388/2007, que altera o inciso I desse mesmo artigo, ampliando de 800 para 960 horas/aula a carga horária mínima anual da educação básica, nos níveis fundamental e médio.

Ambos serão votados, ainda, na Câmara dos Deputados. Se virar lei ainda este ano, o PL 388/2007 entra em vigor em 2013. Já o PL 385, entrará em vigor no próximo ano letivo.

Para justificar a alteração proposta no PL 388/2007, o autor, o então Senador Wilson Matos, arguiu a insuficiência dos conteúdos oferecidos aos alunos, tanto em termos qualitativos, como em termos quantitativos. Segundo ele, "a carga horária proposta poderá viabilizar a qualificação e ampliação dos conteúdos trabalhados em aula, de modo a contribuir de maneira mais eficaz para a construção de competências esperadas dos alunos" (JESUS, 2011).

Portanto, se não fosse a inércia dos nossos legisladores, a "solução" sugerida pelo ministro da Educação já estaria em vigor e estados como o Espírito Santo, não poderiam caminhar na contramão das orientações legais.

Ainda sobre propostas de autoridades da educação, logo após a divulgação dos resultados do Enem, o jornal "A Gazeta" de 23 de setembro trouxe: "Ensino Médio: Alunos serão testados em mais 5 disciplinas". E a notícia:

Os alunos do 3º ano do ensino médio que farão as provas do Programa de Avaliação da Educação Básica do Estado (Paebes) serão avaliados em mais cinco disciplinas em 2012(sic!). Neste ano, além dos testes de Língua Portuguesa e Matemática, os estudantes farão prova de Ciências, com questões de Química, Física e Biologia. No ano que vem, será incluída mais uma prova, a de Ciências Humanas, que terá itens de Geografia e História (FIGUEIREDO, 2011, p. 4).

A reportagem informa, ainda, que os resultados do 3º ano do ensino médio no Paebes de 2010 mostraram que os alunos terminam a educação básica sem saber o mínimo necessário. Em uma escala de 0 a 500, o desempenho deles em Língua Portuguesa foi de 264, e em Matemática, 273, quando as notas ideais seriam maiores que 325. Nenhuma informação sobre como a Secretaria de Educação utilizou os dados do ano passado ou como utilizará os dados deste ano. O secretário de Educação, Klinger Barbosa Alves, apenas afirmou que "já demos um importante passo incluindo a prova de Ciências, que é uma habilidade fundamental no ensino médio". Nada foi dito sobre como os alunos são levados a adquirir essa habilidade. E daí, lembramo-nos de uma entrevista concedida por Otaviano Helene, ex-presidente do Inep e Professor do Instituto de Física da Usp, em entrevista ao Terra Magazine, no dia 22 de julho de 2010, fazendo
críticas aos exames como o Enem, Ideb e Saeb, dizendo que, com eles, se mede problemas que já deviam ter sido solucionados. E continua:

Faz décadas que se está medindo. Faz muito tempo que a gente sabe que esses problemas existem. E tudo o que a gente faz é medi-los? Não tem sentido isso. Nenhum problema vai ser resolvido porque ele foi medido várias vezes. Esse é o grave problema de exames como o Enem (JESUS, 2010).

E conclui:

Os estados e municípios não levam em conta a realidade e continuam não levando. Você sabe quais são os problemas no ensino paulista com todos os detalhes possíveis. Sabe onde falta professor e porque falta. Sabe onde as salas são grandes demais, sabe porque os estudantes se evadem, porque eles vão mal, sabe onde faltam instrumentos de gratuidade ativa. Sabe que o salário do professor é, grosso modo, entre metade e dois terços do salário (JESUS, 2010).

Mas, finalmente, uma boa notícia: foi publicada no jornal "A Gazeta" de 4 de outubro: "Rede Pública. Professor vai fazer mestrado sem pagar". Nela é informado que o ministro da Educação anunciou que os professores da rede pública de ensino terão o direito de fazer mestrado e doutorado de graça:

Segundo o Ministério da Educação (MEC), o regulamento do programa será definido em breve. Os cursos terão o mesmo mecanismo do Fundo de Financiamento aos Estudantes do Ensino Superior (Fies).

Os professores que decidirem fazer o curso e trabalharem nas redes públicas terão a dívida encerrada automaticamente ( REDE... 2011, p. 7).

Bem, esperamos que o regulamento leve em consideração o estudo de prioridades das áreas a serem beneficiadas, tomando por base a realidade de cada estado e município.

ENEM
2011: PERSPECTIVAS PARA O ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Aproximam-se os dias 23 e 24 de outubro quando será realizado o Exame Nacional do Ensino Médio – Enem 2011. Recordemo-nos de alguns resultados do Enem 2009, comparando-o com os resultados de 2010: em 2009, o Espírito Santo teve uma escola na lista das 100 melhores, enquanto em 2010, não teve nenhuma; em 2009, entre as 100 piores pontuações, 5 eram do Espírito Santo e, entre as 1000 piores, 41 eram do Estado , enquanto em 2010, são 31 escolas entre as 100 piores. Entre as 20 piores, no Enem 2009, o Espírito Santo tinha uma escola; em 2010, tem 5. Esses são apenas alguns dos resultados que o leitor poderá visualizar de forma completa no artigo "Enem: retrato sem retoques da educação nacional", publicado no blog Damarlu Educação (www.damarlueducar.blogspot.com).

E as perspectivas para o novo Exame? Para os alunos da rede estadual de ensino do estado do Espírito Santo, as preocupações são muitas! A manchete do jornal "A Gazeta" do dia 1º de setembro trouxe em letras garrafais: "Por que os alunos do Estado correm risco no Enem?" E trouxe também as respostas:

A) Porque o governo decidiu rever, em cima da hora, o sistema de cursinho público.

B) Porque, após a revisão, houve atraso na contratação das empresas do cursinho.

C) Porque, devido à demora, os alunos da rede só terão 41 dia de aula até a prova.

D) X
Todas as alternativas estão corretas.

E a notícia:

Os 1.250 alunos do 3º ano do ensino médio da rede estadual terão apenas 41dias de aulas – sem direito a folga nos próximos feriados e sábados – para se preparar para o Exame Nacional do Ensino Médio – Enem. (...) A novela começou em março, quando a Sedu decidiu romper o convênio com o Projeto Universidade Para Todos (Pupt) – instituição que preparava alunos de escolas públicas para o vestibular desde 2005. A essa altura, a proposta era iniciar as aulas em maio. "Esse tempo (41 dias) não será suficiente para preparar os alunos. Os professores vão adotar uma metodologia diferente", frisou José Vasconcelos, coordenador de ensino do Pupt, que acabou sendo uma das instituições selecionadas (FIGUEIREDO, 2011, p. 3).

Enquanto as aulas não começavam, os alunos fizeram um cursinho improvisado, ministrado por professores da própria rede, que trabalharam com carga horária estendida. Mas, segundo notícia publicada na mesma página da notícia anterior, os "alunos reclamam de cursinho e temem reprovação". A subsecretária de Educação, Adriana Sperandio, reconheceu que o processo "não foi ideal". "Uma série de impedimentos legais atrasou o início das aulas. Só saberemos o impacto disso diante dos resultados do Enem", disse.

Será que precisamos esperar o resultado do Enem 2011 para sabermos o impacto dessa situação nos resultados? Será a situação socioeconômica dos alunos da rede estadual de ensino mais uma vez a vilã responsável pelos fracassos? Ora, a educação brasileira precisa é de uma gestão competente para que os resultados ruins sejam superados. Se os exames (os muitos exames!) fossem levados a sério, a administração da educação de cada estado, de cada município, de cada escola procuraria estudar as causas das deficiências e dos sucessos, seus e dos outros, procurando implementar novas alternativas para a melhoria do desenvolvimento do processo ensinoaprendizagem, com uma ampla participação dos agentes diretamente envolvidos. A burocracia e a política (ou politicagem) deveriam dar lugar à gestão democrática, um dos princípios constitucionais do ensino (CF, art. 206, VI). Para Ilona Becskeházy, diretora executiva da Fundação Lemman,

Os sistemas de ensino mais eficientes são coerentes; o currículo é exigente, o professor é treinado, há uma cadeia que funciona para a sala de aula funcionar, não para o governo aparecer. A educação virou uma arena, um palco onde as pessoas podem aparecer; temos que mudar isso. O foco deve ser a sala de aula (OKADA, 2010) (o grifo é nosso)

Além disso, as escolhas para a assunção dos cargos são baseadas em critérios técnicos, critérios que levam em consideração a competência do indivíduo para o exercício da função. Competência essa que não pode ser medida apenas pela posse de uma titulação acadêmica, mas pela capacidade de envolvimento com os objetivos do sistema educacional.

Mas, para que a situação atual seja modificada, é necessário que os responsáveis pelas políticas públicas voltem os seus olhares para "os próprios umbigos" e deixem de considerar, como o fez o ministro da Educação, Fernando Haddad, que "mais de dois terços da explicação de qualquer desempenho está fora da escola", afirmando que:

É diferente uma escola em um bairro nobre, com um investimento anual dez vezes superior ao de uma escola pública, em área rural, que atende filhos de lavradores que não tiveram acesso à educação. Situação diferente é a de estabelecimentos com perfis semelhantes em termos de localização, financiamento e alunado, mas rendimento escolar discrepante. Nesses casos, segundo Haddad, o gestor precisa tomar providências para melhorar a escola com fraco desempenho e replicar experiências de sucesso. Quando tem a mesma clientela e desempenho desigual, aí cabe ao gestor público agir. (ENEM... 2011) (o grifo é nosso).

E quando a situação daquelas escolas com pior desempenho vai ser considerada? O Ministério da Educação e os governos dos estados sabem quais são as escolas que precisam de mais investimentos, porque não é o fato da escola estar na zona rural e atender a filhos de lavradores que faz com que os alunos não aprendam. É sim, a falta do direcionamento das políticas públicas para essas escolas e para essa clientela, apesar dos números do Enem 2010 indicarem que não são só as escolas públicas da zona rural que apresentam desempenhos sofríveis. São as escolas públicas estaduais de modo geral, que apresentaram maus resultados: no Espírito Santo, foram 92% delas e, no Brasil, 96%.


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ALUNOS reclamam de cursinho improvisado e temem reprovação. A Gazeta, Vitória, 1 set. 2011, p. 3.

CASTRO, Cláudio de Moura. Ensino médio com sabor de jabuticaba. Veja, São Paulo, 21 set. 2011, p. 98.

ENEM 2010 tem somente 13 escolas públicas entre as cem melhores. G1, São Paulo, 12 set. 2011. Disponível em: <http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2011/09/enem-2010-tem-somente-13-escolas-publicas-entre-cem-melhores.html>. Acesso em: 15 set. 2011.

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Censo 2010: incidência da pobreza, reprovação, abandono escolar e distorção idade-série no Brasil


O Jornal "A Gazeta" de 30 de julho trouxe a notícia: "Mais alunos com atraso de série". Segundo a reportagem, o índice de defasagem escolar no ensino fundamental, em 2010, chegou a 23,6% no país, representando cerca de 7 milhões de estudantes. Os dados são do Censo Escolar 2010. Em 2008, o índice registrado foi de 22,1% e, em 2009, de 23,3%.

No ensino médio, a situação também é preocupante: em 2008, a taxa de defasagem escolar apontada pelo Censo Escolar foi de 33,7%. Em 2009, foi de 34,4% e em 2010, de 34,5%. Nos dois casos, portanto, os índices têm aumentado, ano após ano.

As regiões Norte e Nordeste apresentaram, no Censo 2010, os mais altos índices de defasagem, tanto no ensino fundamental, como no ensino médio. No ensino fundamental, a Região Sudeste apresenta o menor índice no ensino fundamental e a Região Sul, o menor índice no ensino médio.

Tabela 1: Índices de distorção idade-série por região

Regiões

Ensino

Fundamental

Ensino

Médio

Norte

34,8

50,0

Nordeste

32,7

46,6

Centro-Oeste

21,3

33,2

Sudeste

15,5

26,2

Sul

17,8

24,6

Fonte: Censo Escolar 2010 (Inep/Mec)

Na Região Norte, o estado do Pará foi o que apresentou os índices mais preocupantes: 39,9% no ensino fundamental e 59,2% no ensino médio. No ensino fundamental, o Pará é seguido pelo Amazonas, com 35,8%, Acre, com 29,1%, Amapá, com 27,1%, Rondônia, com 26,9% e os estados de Roraima e Tocantins com 22,8%. No ensino médio, o estado do Amazonas apresentou um índice de 51,0%, o Amapá, 42,6%, seguido dos estados do Acre (36,3%), Tocantins (34,2%), Rondônia (30,3%) e Roraima com 23,5%.

Na Região Nordeste, o estado da Bahia apresentou o maior índice de distorção idade-série no ensino fundamental (38,1%), seguido pelos estados do Sergipe (37,9%), Alagoas (35,4%), Piauí (34,8%), Paraíba (34,5%), Rio Grande do Norte (31,1%), Maranhão (30,5%), Pernambuco (29,7%) e Ceará com o índice de 25,5%. No ensino médio, o estado do Piauí teve o maior índice de distorção idade-série (56,7%), seguido pelo estado do Sergipe, com índice de 51,6%, Bahia, com 49,7%, Alagoas com 49,4%, Maranhão com 48,3%, Pernambuco com 45,5%, Rio Grande do Norte com 45,4%, Paraíba com 41,7% e o Ceará com 34,7%.

Na Região Sul, o estado do Paraná apresentou o melhor índice, no ensino fundamental (14,8%) e o estado de Santa Catarina no ensino médio (16,4%). No ensino médio, o estado do Paraná apresentou índice de 23,9%, e o estado de Santa Catarina, no ensino fundamental, 15,2%. No estado do Rio Grande do Sul, os índices foram 22,6% e 30,5%, respectivamente.

Na Região Centro-Oeste, o Distrito Federal apresentou os melhores índices nas duas etapas da educação básica: 17,9% e 29,4%. No ensino fundamental, ele é seguido pelos estados de Mato Grosso (18,3%), Goiás (21,7%) e Mato Grosso do Sul (27,0%). No ensino médio, seguem-no os estados do Mato Grosso do Sul (33,1%), Goiás (33,6%( e Mato Grosso (35,5%).

Na Região Sudeste, o estado de São Paulo teve índices de 8,4% e 18,1%, no ensino fundamental e médio, respectivamente. No caso do ensino fundamental, é o melhor índice do país e, no ensino médio, ele só é superado pelo estado de Santa Catarina. Seguindo-o, no ensino fundamental, temos o estado de Minas Gerais com 19,3%, Espírito Santo com 20,6% e Rio de Janeiro com 28,0%. No ensino médio, o Espírito Santo apresenta índice de 25,1%, Minas Gerais, 31,3% e Rio de Janeiro, 43,5%.

Vê-se, assim, que, em todo o País, a idade de grande parte dos alunos não é adequada à série/ano cursado(a), considerando-se a idade inicial para o ingresso no ensino fundamental e uma breve análise dos números até então apresentados leva-nos facilmente à conclusão de que as taxas de distorção idade-série detectadas no Censo Escolar 2010 constituem-se em elementos representativos da pobreza e das desigualdades regionais do Brasil, principalmente se eles forem comparados com os dados do Mapa da Pobreza e Desigualdade 2003, elaborado pelo IBGE em parceria com o Banco Mundial, a partir dos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003 e do Censo 2000. De acordo com a pesquisa, no Brasil 32,6% dos municípios tinham mais da metade de sua população vivendo na pobreza. A região nordeste apresentava o maior percentual de municípios com mais da metade da população
vivendo na pobreza com incidência de pobreza: são 77,1%. Segue-a a região Norte, com 28,7% , o Sudeste com 13,3%, o Centro-Oeste com 12,1% e a região Sul com 0,9%. Vejam que esses dados remetem-nos aos dados apontados pelo Censo Educacional 2010, sobre o número de alunos com distorção idade-série: as regiões Norte e Nordeste em primeiros lugares, seguidos das demais regiões.

E mais: dos 25 municípios com a maior incidência de pobres no Brasil, 23 estão no Norte e no Nordeste, enquanto entre os 25 com a menor incidência todos são de estados das regiões Sul e Sudeste.

Apesar de esse estudo apontar dados do ano de 2003 e a própria gerente da pesquisa admitir, à época de sua divulgação em 2008, que as políticas de transferência de renda como o Bolsa-Família poderiam ter alterado o mapa, os dados sobre a incidência da pobreza no Brasil se repetem nos resultados do Censo 2010, apesar das condições de vida da população brasileira terem melhorado na última década. Considerando que, para que uma pessoa seja enquadrada no conceito de extrema pobreza, ela deve ter renda mensal abaixo de R$70,00, ou pouco mais de R$2,00 por dia, o Censo 2010 divulgou que o Brasil tem 16,27 milhões de pessoas em condições de extrema pobreza, representado o percentual de 8,5% da população. Desses, 9,61 milhões estão concentrados na região Nordeste (59,1%), representando 18,1% da população da região. A região Norte tem um percentual de 16,8% de sua população vivendo em situação de extrema pobreza, seguida pelas regiões Centro-Oeste, com 4,0%, Sudeste com 3,4% e Sul com 2,6%.

Na região Sudeste, segundo dados do IBGE, a incidência da pobreza, definida pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, como a estimativa percentual de pessoas abaixo da linha de pobreza, os estados de São Paulo e Minas Gerais apresentam o percentual de 26,60%, seguidos do Espírito Santo com 30,88% e Rio de Janeiro com 32,44%.

Vemos que, pelos números até então apresentados, em termos das regiões do país, quanto mais pobre a região, maior o número de alunos com idade não compatível com a série cursada.

Mas a pobreza, por si só, não pode ser apontada como a causa da distorção idade-série. Na verdade, a evasão e a repetência também devem interferir na distorção. No entanto, onde ocorre o maior número de reprovações e de abandono escolar?

REPROVAÇÃO E ABANDONO ESCOLAR NO CENSO 2010

No Brasil, os índices apontados pelo Censo 2010 sobre o percentual de alunos reprovados são de 9,9% no ensino fundamental e 12,7% no ensino médio, enquanto o percentual de alunos evadidos é de 2,9% no ensino fundamental e 10,2% no ensino médio, considerando-se apenas a zona urbana. Os índices de reprovação distribuídos pelas redes estaduais de ensino, municipais e privada tiveram o seguinte comportamento no ensino fundamental e médio, respectivamente: 11,3 e 13,6, nas escolas das redes estaduais, 10,8 e 11,2, nas escolas das redes municipais e 3,4 e 5,9 nas escolas privadas. As taxas de abandono escolar foram: 3,7 e 11,7 nas redes estaduais, 3,0 e 10,0 nas redes municipais e 0,2 e 0,5 nas escolas privadas.

A princípio, os números não nos parecem tão preocupantes, apesar da considerável diferença entre os índices das escolas públicas e das escolas particulares. Mas vamos afunilar os dados, analisando-os por região do país.

Tabela 3: Taxas de rendimento por região (zona urbana)

Região

Taxa de reprovação

Fundamental/médio

Taxa de abandono

Fundamental/médio

Norte

11,5/11,0

4,4/14,8

Nordeste

12,7/9,6

5,5/14,2

Centro-Oeste

9,2/15,5

2,6/10,7

Sudeste

7,8/14,0

1,5/7,1

Sul

10,5/14,6

1,6/8,4

Fonte: Censo escolar 2010 (Inep/MEC)

Ordenando, de forma crescente, os resultados aferidos em cada região, temos na reprovação no ensino fundamental, o Sudeste, seguido da região Centro-Oeste, Sul, Norte e Nordeste. No ensino médio, essa ordem praticamente se inverte, mostrando que a região Nordeste apresenta o menor percentual de reprovados, seguido pelas regiões Norte, Sudeste, Sul e Centro-Oeste.

Em termos de região, temos, portanto, que, enquanto as regiões com menor incidência da pobreza (Sudeste, Sul e Centro-Oeste) apresentam menores percentuais de alunos reprovados no ensino fundamental, no ensino médio, as regiões com maior incidência da pobreza (Norte e Nordeste) são as que apresentam os menores percentuais de alunos reprovados. Além disso, as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste apresentam percentual de alunos reprovados, no ensino fundamental, menor que a média brasileira. No caso do ensino médio, são as regiões Norte e Nordeste que apresentam percentuais menores que a média nacional.

No que diz respeito ao abandono escolar, a ordem é a mesma tanto no ensino fundamental, quanto no ensino médio: as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oestes têm menores taxas de alunos evadidos, apresentando todas elas percentual inferior à média brasileira, no ensino fundamental. No ensino médio, encontram-se nessa situação apenas as regiões Sul e Sudeste.

Chama-nos a atenção, também, nos dados apresentados na Tabela 3, que, nas regiões Norte e Nordeste os percentuais de alunos reprovados no ensino fundamental se aproximam dos percentuais apontados para o ensino médio, enquanto nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste, os percentuais do ensino médio são consideravelmente maiores que os do ensino fundamental. E, quando analisamos os dados referentes ao abandono escolar, verificamos que a diferença entre os percentuais do ensino médio são muito maiores que os do ensino fundamental, principalmente nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste em que os números quase que quintuplicam

Afunilando ainda mais a análise, verifiquemos, agora, o rendimento das redes de ensino, em cada região:

Tabela 4: Taxas de rendimento por rede de ensino e por região (zona urbana)

Região

Taxa de reprovação

Fundamental/médio

Taxa de abandono

Fundamental /médio

Norte Estadual

Municipal

Privada

12,7/11,3

11,8/28,2

3,0/5,5

4,9/16,0

4,7/9,8

0,3/0,5

Nordeste Estadual

Municipal

Privada

17,0/10,0

13,5/6,7

3,9/6,0

8,1/15,9

5,7/17,2

0,4/0,9

Centro-Oeste Estadual

Municipal

Privada

11,2/17,0

11,5/12,7

4,8/6,2

3,5/12,6

2,3/1,3

0,2/0,4

Sudeste Estadual

Municipal

Privada

8,1/15,3

9,0/13,2

3,3/6,1

2,3/8,2

1,2/4,4

0,1/0,2

Sul Estadual

Municipal

Privada

13,8/15,9

9,1/15,2

2,7/5,2

2,6/9,6

0,8/17,0

0,1/0,4

Fonte: Censo escolar 2010 (Inep/MEC)

Nessa tabela, o que chama a atenção primeiramente é o rendimento das escolas privadas, que apresentam números significativamente menores que as redes estaduais e municipais em ambas as etapas da educação básica, tanto no quesito reprovação, como no quesito abandono escolar.

Observa-se, ainda, que, nas redes estaduais de educação, no que diz respeito ao ensino fundamental, as regiões com maior incidência da pobreza apresentam maiores percentuais de alunos reprovados, enquanto no ensino médio são as regiões com menor incidência da pobreza a apresentar os piores resultados, tal como ocorreu quando analisamos os resultados das regiões de forma global. A região Sudeste apresenta percentual menor que a média nacional no ensino fundamental e as regiões Norte e Nordeste no ensino médio.

De modo geral, o rendimento das redes municipais de ensino é melhor que o da rede estadual, com exceção da região Centro-Oeste e Sudeste no ensino fundamental e da região Norte, no ensino médio.

O abandono escolar nas regiões com maior incidência da pobreza é maior tanto no ensino fundamental, como no médio. Em todas as regiões e em todas as administrações (estadual, municipal e privada), é grande a diferença entre os percentuais de alunos que abandonaram a escola no ensino fundamental e no ensino médio, com exceção da região Centro-Oeste que apresentou menor percentual de alunos evadidos no ensino médio que no ensino fundamental, nas escolas de administração municipal.

Partamos, agora, para a análise do rendimento escolar dos estados da federação:

Tabela 5: Taxa de rendimento escolar por estado (zona urbana)

Regiões /Estados

Taxa de reprovação

Fundamental/ Médio

Taxa de abandono escolar

Fundamental/Médio

NORTE Rondônia Total

Estadual

Municipal

Privado

Acre Total

Estadual

Municipal

Privado


Amazonas Total

Estadual

Municipal

Privado



Roraima Total

Estadual

Municipal

Privado


Pará Total

Estadual

Municipal

Privado


Amapá Total

Estadual

Municipal

Privado


Tocantins Total

Estadual

Municipal

Privado





15,1/11,8

18,2/12,3

12,4/-

3,2/5,9

6,6/9,3

5,9/9,6

9,2/-

2,2/5,1


11,7/8,7

9,6/8,7

15,6/-

3,3/8,0



8,6/12,8

11,2/13,2

5,0/-

2,1/4,6


12,0/12,0

16,9/12,5

11,3/28,2

3,0/4,4


10,4/11,6

12,6/12,3

8,0/-

1,6/2,7


8,8/10,0

10,1/9,9

8,0/-

3,3/9,0

3,0/11,6

3,8/12,5

2,1/-

0,2/0,6

2,3/13,0

2,5/13,8

2,5/-

0,3/0,6


5,5/10,2

5,4/11,0

6,6/-

0,3/0,4



1,8/6,1

2,6/7,0

0,8/-

0,0/0,1


5,3/19,3

7,7/20,8

5,0/9,8

0,4/0,6


2,9/14,9

3,4/16,1

2,3/-

0,1/0,0


1,5/8,0

1,8/8,5

1,2/-

0,4/0,4

NORDESTE Maranhão Total

Estadual

Municipal

Privado


Piauí Total

Estadual

Municipal

Privado


Rio Grande do Norte Total

Estadual

Municipal

Privado


Paraíba Total

Estadual

Municipal

Privado


Pernambuco Total

Estadual

Municipal

Privado


Alagoas Total

Estadual

Municipal

Privado


Sergipe Total

Estadual

Municipal

Privado

Bahia Total

Estadual

Municipal

Privado


Ceará Total

Estadual

Municipal

Privado



9,0/9,1

9,8/9,7

9,9/4,3

2,7/5,1


12,6./9,4

14,5/9,4

13,6/12,5

4,9/8,2


14,9/6,6

18,3/6,4

17,0/35,1

4,5/6,2


13,9/8,3

15,9/8,7

15,7/7,7

3,4/5,2


11,3/8,7

14,8/8,9

12,8/5,2

3,7/5,2


14,1/10,5

17,7/10,5

14,9/5,6

4,0/7,3


20,0/14,3

23,8/15,4

23,5/2,8

5,3/9,1

15,8/12,7

22,4/13,1

15,5/8,4

4,0/7,1


8,8/7,5

10,6/7,5

10,1/8,0

4,0/4,8

3,6/14,4

3,6/15,6

4,2/17,0

0,3/1,5


3,3/16,6

4,6/18,8

3,6/18,6

0,3/0,9


5,7/17,3

8,9/20,4

5,9/5,4

0,4/0,6


8,3/17,3

12,6/20,2

7,8/20,9

0,5/0,9


4,8/11,2

6,2/12,7

5,9/17,1

0,5/1,0


22,3/17,7

25,8/21,0

42,8/22,6

2,1/1,5


5,2/15,6

6,4/18,8

6,4/2,9

0,3/0,6

6,7/15,8

9,8/16,9

6,8/15,3

0,4/0,7


3,0/10,6

5,9/12,0

3,4/18,2

0,4/0,7


SUDESTE Minas Gerais Total

Estadual

Municipal

Privado


Espírito Santo Total

Estadual

Municipal

Privado

Rio de Janeiro Total

Estadual

Municipal

Privado

São Paulo Total

Estadual

Municipal

Privado

7,6/6,4

6,2/5,5

8,0/9,8

4,4/1,8


10,6/14,0

11,8/15,5

11,7/14,8

2,7/5,2

14,9/19,0

22,6/20,9

15,4/16,6

2,2/10,1

4,9/12,6

5,1/14,0

5,4/9,8

2,6/4,5

2,0/6,6

3,0/7,9

1,8/8,2

2,1/1,7


1,9/7,0

2,8/8,4

1,9/0,0

0,1/0,2

2,5/12,8

6,6/15,5

2,0/6,9

0,3/0,6

0,8/4,5

1,5/5,2

0,6/2,3

0,0/4,5

SUL Santa Catarina Total

Estadual

Municipal

Privado


Rio Grande do Sul Total

Estadual

Municipal

Privado


Paraná Total

Estadual

Municipal

Privado


CENTRO-OESTEMato Grosso do Sul Total

Estadual


Municipal

Privado

Mato Grosso Total

Estadual

Municipal

Privado

Goiás Total

Estadual

Municipal

Privado

Distrito Federal Total

Estadual

Privado

6,3/10,6

6,8/11,6

6,7/5,5

1,9/4,2


14,4/20,1

17,8/21,8

13,5/16,7

3,6/7,4


9,3/11,9

13,8/13,0

6,5/-

2,4/4,1


15,5/18,3

21,0/20,1

13,6/-

3,2/6,2

3,8/17,5

1,9/18,7

6,1/-

2,6/5,1

8,6/12,2

11,0/13,2

9,0/12,7

3,0/5,6

10,1/18,7

12,5/22,6

3,0/7,6

0,8/7,1

1,2/8,3

0,5/3,0

0,1/0,2


1,5/11,1

1,7/12,4

1,5/19,0

0,1/0,5


2,1/6,7

4,3/7,7

0,3/-

0,1/0,3


2,7/11,0

5,2/12,6

1,4/-

0,2/0,3

0,8/11,5

0,6/12,6

1,2/-

0,2/0,4

3,9/11,8

6,7/13,7

3,1/1,3

0,4/0,7

1,1/6,6

1,4/8,9

0,0/0,1

Fonte: Censo Escolar 2010 (Inep/MEC)


- OS RESULTADOS DA REGIÃO NORTE

Analisando os dados da tabela 4, especificamente o que concerne à região Norte, verificamos que o estado de Rondônia foi o que apresentou o maior percentual de reprovação no ensino fundamental (15,1%) e Roraima no ensino médio (12,8%). Com relação ao abandono escolar, o estado do Amazonas apresentou o maior percentual no ensino fundamental (5,5%) e o estado do Pará no ensino médio (19,3%). Verificamos, ainda, que a rede estadual de ensino é a que apresenta os maiores percentuais de reprovação, tanto no ensino fundamental como no médio em cinco estados: Rondônia, Roraima, Pará, Amazonas e Tocantins, no ensino fundamental e Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima e Amapá, no ensino médio. No caso do abandono escolar, a rede estadual de ensino de todos os estados apresentaram os maiores percentuais.

Ordenando, em ordem crescente, o rendimento de cada estado, no que diz respeito à reprovação, no ensino fundamental, temos: Acre, Roraima, Tocantins, Amapá, Amazonas, Pará e Rondônia. No ensino médio: Amazonas, Acre, Tocantins, Amapá, Rondônia, Pará e Roraima.

No caso do abandono escolar, temos: no ensino fundamental: Tocantins, Roraima, Acre, Amapá, Rondônia, Pará e Amazonas. No ensino médio: Roraima, Tocantins, Amazonas, Rondônia, Acre, Amapá, e Pará.

Mas, alguns dados se sobressaem em relação a cada estado:

- quanto ao estado de Rondônia:

- apresentou o percentual de alunos reprovados, tanto no ensino fundamental como no médio, superior à média da região e, de evasão, inferior;

- apresentou percentuais de alunos evadidos nas duas etapas da educação básica, menores que a média da região;

- a rede estadual de ensino apresentou percentuais de alunos reprovados, nas duas etapas da educação básica, superiores à média do estado e da região, enquanto a rede municipal e as escolas privadas apresentaram percentuais menores;

- a rede estadual de ensino apresentou percentuais de alunos evadidos, tanto no ensino fundamental como no médio, superiores à média da região e do estado, enquanto a rede municipal e as escolas privadas apresentaram percentuais menores;

- considerando o conjunto das escolas estaduais da região, a rede estadual de Rondônia apresentou maior percentual de alunos reprovados e percentual menor de alunos evadidos, nas duas etapas da educação básica:

- a rede municipal, ministrando apenas o ensino fundamental, apresentou percentual de alunos reprovados superior ao conjunto das escolas municipais da região;

- o ensino privado apresentou percentuais de alunos reprovados nas duas etapas da educação básica superiores à média das escolas privadas da região.

- quanto ao estado do Acre:

-apresentou todos os percentuais menores que a média da região, em ambas as etapas da educação básica e em todas as redes de ensino;

- a rede estadual de ensino apresentou taxas de rendimento (reprovação e abandono), superiores à média do estado, no ensino médio;

-a rede municipal de ensino apresentou taxas de rendimento (reprovação e abandono), superiores à media do estado, no ensino fundamental;

- considerando o conjunto das escolas estaduais da região, a rede estadual do Acre apresentou percentual menor de alunos reprovados e percentual menor de alunos evadidos, nas duas etapas da educação básica:

- a rede municipal, ministrando apenas o ensino fundamental, apresentou percentual de alunos reprovados e evadidos inferior ao conjunto das escolas municipais da região;

- o ensino privado apresentou percentuais de alunos reprovados e evadidos nas duas etapas da educação básica inferiores à média das escolas privadas da região.

- quanto ao estado do Amazonas;

- apresentou percentuais de alunos reprovados, no ensino fundamental e médio, superiores à média da região;

- apresentou percentual de abandono escolar, no ensino fundamental, maior que a média do estado e, no ensino médio, inferior;

- a rede estadual de ensino, excetuando a taxa de abandono no ensino médio, apresentou rendimento superior à média da região e do estado, tanto no ensino fundamental como no médio, enquanto a rede municipal de ensino apresentou rendimento inferior no ensino fundamental;

- o percentual de alunos reprovados no ensino médio das escolas privadas se aproxima da média estadual;

- considerando o conjunto das escolas estaduais da região, a rede estadual do Amazonas apresentou percentual menor de alunos reprovados nas duas etapas da educação básica, percentual menor de alunos evadidos no ensino médio e maior no ensino fundamental;

- a rede municipal, ministrando apenas o ensino fundamental, apresentou percentual de alunos reprovados e evadidos superior ao conjunto das escolas municipais da região;

- o ensino privado apresentou percentuais de alunos reprovados e evadidos nas duas etapas da educação básica inferiores à média das escolas privadas da região.

- quanto ao estado de Roraima:

- apresentou percentual de alunos reprovados, no ensino fundamental, menor que a média da região e maior no ensino médio;

- apresentou percentual de alunos evadidos, no ensino fundamental, menor que a média da região (do ensino médio, maior);

- a rede estadual de ensino teve rendimento inferior à média do estado e a rede municipal e as escolas privadas, superior;

- a rede estadual teve, no ensino fundamental, rendimento superior ao conjunto das escolas estaduais da região, tanto no quesito reprovação como no abandono escolar; no ensino médio, o percentual de alunos reprovados foi maior que o da média das escolas estaduais da região, mas o abandono escolar foi bem inferior;

- a rede municipal de ensino e as escolas privadas apresentaram rendimento superior à média das escolas municipais e privadas da região, respectivamente.

-quanto ao estado do Pará:

- o rendimento do estado foi inferior à média da região, apresentando o mais alto percentual de abandono escolar da região, no ensino médio (19,3%);

-a rede estadual de ensino apresentou percentuais de reprovação e de abandono escolar superiores à média do estado, chamando-se atenção para o percentual de 20,8% de alunos evadidos no ensino médio;

- na rede municipal de ensino, chama a atenção o alto percentual de alunos reprovados no ensino médio (28,2%), embora as outras taxas sejam inferiores à média do estado;

- a rede estadual de ensino apresentou rendimento inferior à média das escolas estaduais da região;

- a rede municipal de ensino apresentou rendimento muito próximo da média das escolas municipais da região.

- quanto ao estado do Amapá:

- no ensino fundamental, os percentuais de reprovados e evadidos são menores que a média do estado e, no ensino médio, superiores;

- a rede estadual de ensino apresentou percentuais de reprovados e evadidos superiores à média do estado, enquanto a rede municipal e as escolas privadas, menores;

- quando comparamos o rendimento da rede estadual de ensino com a média das escolas estaduais da região, o estado do Amapá apresentou rendimentos inferiores no ensino fundamental e superiores no ensino médio;

- a rede municipal de ensino, ministrando apenas o ensino fundamental, apresentou rendimento superior à média das escolas municipais da região, assim como as escolas particulares.

- quanto ao estado do Tocantins:

- apresentou todos os percentuais inferiores à média da região;

- a rede estadual de ensino apresentou rendimento inferior à média do estado em todas as etapas da educação básica, tanto no que diz respeito à reprovação quanto ao abandono escolar;

- a escolas privadas apresentaram percentual alto de alunos reprovados no ensino médio (9,0%), o maior da região; no ensino fundamental, o percentual de reprovação também é o maior da região (3,3%), empatando com o estado do Amazonas;

- os rendimentos da rede pública de ensino (estadual e municipal) do estado do Tocantins são maiores que a média das escolas públicas da região, enquanto as escolas privadas só apresentaram rendimento levemente superior no abandono escolar do ensino médio.

- OS RESULTADOS DA REGIÃO NORDESTE

Na região Nordeste, os estados do Maranhão, Piauí, Pernambuco e Ceará obtiveram, no ensino fundamental, rendimentos superiores à média da região no quesito reprovação. No ensino médio, só não obtiveram rendimentos superiores os estados de Alagoas , Sergipe e Bahia.

No caso do abandono escolar, no ensino fundamental, obtiveram resultados superiores o estado do Maranhão, Piauí, Pernambuco, Sergipe e Ceará. No ensino médio, apenas os estados de Pernambuco e Ceará obtiveram rendimento superior à média da região.

O estado do Ceará apresentou o melhor percentual de aprovação no ensino fundamental, destacando-se dos demais também no quesito abandono escolar, apresentando os menores percentuais de alunos evadidos nas duas etapas da educação básica. O estado de Pernambuco obteve o melhor percentual de alunos aprovados no ensino médio.

Por sua vez, o estado do Sergipe apresentou o maior percentual de alunos reprovados tanto no ensino fundamental (20,0%), como no ensino médio (14,3%).

Quanto ao abandono escolar, tanto no ensino fundamental como no médio, o destaque é para o estado do Ceará que apresentou os menores percentuais de alunos evadidos. Destaca-se, também, o estado de Alagoas com os maiores percentuais de alunos evadidos, no ensino fundamental (22,3%) e no ensino médio (17,7%).

A seguir, mais alguns dados sobre cada um dos estados da região Norte:

-quanto ao estado do Maranhão:

- o estado apresentou percentuais menores de alunos reprovados que a média da região, assim como de alunos evadidos no ensino médio; no ensino médio, o percentual de abandono escola foi superior à média da região;

- a rede estadual de ensino apresentou rendimentos inferiores à média estadual nos dois aspectos analisados;

- a rede municipal, no ensino fundamental, apresentou percentual de alunos reprovados maior que a média do estado e, no ensino médio, menor; já a evasão no ensino fundamental é menor que a média do estado e, no ensino médio, maior e bastante alto (20,4%);

- nas escolas privadas, o rendimento, de modo geral, é melhor que a média do estado;

- comparando os rendimentos da rede pública de ensino do estado do Maranhão com a média dos rendimentos das escolas públicas da região, verifica-se que todos os seus resultados são melhores que aqueles apurados na região, o mesmo ocorrendo nas escolas privadas.

- quanto ao estado do Piauí:

- o estado apresentou percentuais menores de alunos reprovados que a média da região;

- no ensino fundamental, o percentual de abandono escolar é inferior ao da região e, no ensino médio, maior;

- na rede estadual de ensino, os percentuais foram superiores à média do estado, excetuando-se o percentual de reprovação no ensino médio que foi igual;

- nas redes municipais de ensino, todos os percentuais foram superiores à média estadual;

- a rede privada apresentou o segundo pior percentual de alunos reprovados no ensino médio;

-comparando a rede estadual de ensino do estado do Piauí com a média dos rendimentos das escolas estaduais da região Nordeste, temos que, no que diz respeito ao percentual de alunos reprovados, o rendimento do estado é melhor do que o da região; no abandono escolar, no ensino médio, a região apresenta pior resultado que o do estado;

-na rede municipal, apenas o abandono escolar no ensino fundamental não foi superior à média das escolas municipais da região;

- as escolas privadas do estado tiveram índices de reprovação superiores aos das escolas privadas da região; no abandono escolar, no ensino fundamental, o índice é menor e, no ensino médio, igual.

- quanto ao estado da Paraíba:

- o estado apresentou percentuais mais elevados que a média da região, excetuando o percentual de reprovação no ensino médio;

- na rede estadual de ensino, todos os percentuais foram superiores à média estadual, exceto o percentual de reprovação no ensino médio, chamando a atenção para o índice de abandono escolar no ensino médio (20,2)%;

- na rede municipal de ensino, o número de alunos reprovados no ensino médio e a evasão no ensino fundamental foram inferiores à média do estado, mas, no ensino médio, a evasão foi bastante elevada (20,9%);

- comparando a rede estadual de ensino do estado da Paraíba com a média dos rendimentos das escolas estaduais da região Nordeste, temos que, no que diz respeito ao percentual de alunos aprovados, o rendimento do estado é melhor do que a média da região; no entanto, no quesito abandono escolar, os percentuais de alunos evadidos são maiores que a média da região;

-na rede municipal, o rendimento, nos dois aspectos analisados, são inferiores à média obtida pelo conjunto das escolas municipais da região;

- o ensino privado obteve rendimentos superiores e bem próximos da média da região.

- quanto ao estado de Pernambuco:

- todos os percentuais apurados foram inferiores aos obtidos pela região;

- na rede estadual de ensino, os percentuais de alunos reprovados no ensino fundamental e médio foram superiores aos do estado e os referentes ao abandono escolar foram menores;

- a rede municipal de ensino apresentou percentual de alunos reprovados no ensino fundamental superior à média estadual, assim como no abandono escolar nas duas etapas da educação básica;

- comparando os resultados da rede estadual de ensino do estado de Pernambuco com a média das redes estaduais da região, todos os índices apurados são inferiores;

- na rede municipal de ensino, no quesito reprovação, os percentuais apurados foram superiores ao conjunto das redes municipais da região, enquanto no quesito abandono escolar, o percentual, no ensino fundamental, foi superior e no ensino médio, um pouco menor;

- os resultados das escolas privadas se aproximam dos obtidos na região.

- quanto ao estado de Alagoas:

- todos os percentuais apurados foram superiores à média da região, chamando a atenção o alto índice de abandono escolar nas duas etapas da educação básica, sobretudo a do ensino fundamental (22,3%);

- a rede estadual apresentou todos os percentuais superiores às do estado, com alto índice de reprovação (17,7% no ensino fundamental e 25,8% no ensino médio) e altos índices de abandono escolar: 25,8% no ensino fundamental e 21,0% no ensino médio;

- na rede municipal de ensino, apenas o percentual de alunos reprovados no ensino médio não foi superior à média estadual, chamando a atenção os números representativos do abandono escolar: 42,8% no ensino fundamental e 22,6% no ensino médio;

- a rede estadual de ensino apresentou todos os percentuais superiores à média das redes estaduais da região;

- na rede municipal de ensino, apenas o percentual de alunos reprovados no ensino médio não foi superior à média das redes municipais da região;

- também as escolas particulares apresentaram percentuais, em todos os quesitos, superiores à média das escolas particulares da região.

- quanto ao estado de Sergipe:

- o estado apresentou, com exceção do abandono escolar no ensino fundamental, todos os percentuais superiores à média da região, chamando a atenção o percentual de alunos reprovados no ensino fundamental (20,0%), sendo que na rede estadual de ensino esse número chega 23,8% e na rede municipal a 23,5%;

- na rede estadual de ensino, o abandono no ensino médio é de 18,8%;

- o índice de reprovação no ensino médio (9,1%), nas escolas privadas, se aproxima da média do estado;

- a rede estadual de ensino apresentou, em todos os quesitos, percentuais superiores aos da média das redes estaduais da região;

- na rede municipal de ensino, os percentuais de reprovação foram superiores à média das redes municipais da região;

- nas escolas privadas, os percentuais de reprovação foram superiores à média das escolas privadas da região.

- quanto ao estado da Bahia:

-em nível estadual, todos os percentuais foram maiores que média regional;

- a rede estadual de ensino apresentou o percentual de 22,4%% de alunos reprovados no ensino fundamental, enquanto a rede municipal apresentou o percentual de 15,5%;

- na rede estadual de ensino, todos os percentuais são superiores à média das redes estaduais da região, enquanto na rede municipal, apenas o abandono escolar no ensino médio não é superior à média das redes municipais da região;

- os percentuais de alunos reprovados nas escolas privadas é superior à média das escolas privadas da região.

- quanto ao estado do Ceará:

- o rendimento do estado, nos dois quesitos analisados, foram inferiores à média da região;

- na rede estadual de ensino, apenas o abandono escolar no ensino fundamental é maior que a média da região;

- na rede municipal de ensino, apenas o abandono escolar no ensino médio é superior à média da região;

- os rendimentos do estado do Ceará na rede estadual de ensino foi superior ao resultado da média das redes estaduais da região;

- na rede municipal de ensino, o abandono escolar nas duas etapas da educação básica foi superior à média das redes municipais da região;

- os percentuais de alunos reprovados, no ensino fundamental e médio das escolas privadas, foram superiores à média das escolas privadas da região.

- OS RESULTADOS DA REGIÃO SUDESTE

Na região Sudeste, o destaque coube ao estado de São Paulo que apresentou todos os percentuais inferiores à média da região e ao estado de Minas Gerais que, apenas no quesito abandono escolar no ensino fundamental, apresentou percentual superior à média da região. Já o estado do Rio de Janeiro teve os maiores percentuais de alunos reprovados tanto no ensino fundamental, como no ensino médio, apresentando, também, o maior percentual de abandono escolar no ensino médio. O estado do Espírito Santo apresentou o terceiro melhor resultado nos dois aspectos avaliados.

Mais alguns destaques em cada estado:

-quanto ao estado de Minas Gerais:

-o estado apresentou índices de reprovação e de abandono escolar menores que o da região;

- a rede estadual de ensino apresentou percentuais de abandono escolar nas duas etapas da educação básica superiores à média da região, da mesma forma que a rede municipal de ensino;

- na rede municipal de ensino, o percentual de alunos reprovados no ensino fundamental foi superior à média da região;

- o abandono escolar, no ensino fundamental das escolas privadas, foi superior à média regional;

- a rede estadual e as redes municipais de ensino apresentaram índices de aprovação superiores à média das escolas estaduais e municipais da região, respectivamente;

- também no aspecto abandono escolar, no ensino médio, o rendimento da rede estadual de ensino foi superior à média das escolas estaduais da região;

- as redes municipais de ensino do estado apresentaram percentuais de abandono escolar maiores que a média dos percentuais obtidos pelas escolas municipais da região;

- as escolas privadas do estado apresentaram percentuais de alunos reprovados no ensino fundamental maiores que a média das escolas privadas da região, assim como percentuais de alunos evadidos;


- quanto ao estado do Espírito Santo:

- no estado, a reprovação no ensino fundamental é maior que a média da região e no ensino médio é igual;

- o abandono escolar no estado é maior que a média da região no ensino fundamental e maior no ensino médio;

- as escolas estaduais apresentaram rendimento, em ambos os aspectos analisados, superiores à média estadual e também os piores resultados;

- as redes municipais de ensino do estado apresentaram percentuais de alunos reprovados superiores à média estadual, enquanto a evasão no ensino fundamental foi igual à média estadual e no ensino médio igual a zero;

- os rendimentos da rede estadual de ensino foram inferiores à média das redes estaduais da região, tanto no ensino fundamental como no médio;

- os percentuais de alunos reprovados nas redes municipais de ensino do estado foram superiores à média apresentada pelas redes municipais da região;

- o percentual de alunos evadidos no ensino fundamental das redes municipais do estado é superior à média das redes municipais da região;

- as escolas privadas do estado apresentaram percentuais de alunos reprovados nos dois aspectos analisados inferiores à média das escolas privadas da região; no aspecto abandono escolar, os percentuais foram iguais.

- quanto ao estado do Rio de Janeiro:

- no estado, os rendimentos nos dois quesitos analisados e nas duas etapas da educação básica foram superiores à média da região;

- a rede estadual de ensino apresentou taxas de reprovação no ensino fundamental e médio superiores à média estadual e com valores bem elevados (22,6% e 20,9%, respectivamente);

- as taxas de abandono escolar na rede estadual de ensino são superiores à média estadual;

- as redes municipais de ensino do estado apresentaram índice de reprovação no ensino fundamental superior à média estadual; no ensino médio, menor;

- os percentuais de abandono escolar nas redes municipais de ensino são inferiores à média do estado;

- apesar de inferiores à média estadual, as escolas privadas apresentaram alto percentual de alunos reprovados no ensino médio (10,1%), o maior da região;

- os rendimentos da rede estadual de ensino são bastante inferiores aos rendimentos das escolas estaduais da região;

- os rendimentos das redes municipais de ensino do estado são inferiores à média dos rendimentos das redes municipais da região;

- apenas no percentual de reprovação no ensino fundamental, as escolas privadas não apresentaram rendimentos inferiores à média das escolas privadas da região.

- quanto ao estado de São Paulo:

-os rendimentos do estado são superiores à média da região;

- a rede estadual de ensino apresentou rendimentos inferiores à média do estado nos dois aspectos analisados;

- nas redes municipais de ensino, o percentual de alunos reprovados no ensino fundamental é maior que a média estadual e, no ensino médio, menor;

- o abandono escolar nas redes municipais de ensino é menor que a média estadual;

- as escolas privadas apresentaram percentuais de alunos reprovados menores que a média estadual;

- o percentual de alunos evadidos no ensino médio é igual à média estadual, no ensino privado;

- os rendimentos da rede estadual de ensino são superiores à media das redes estaduais da região, o mesmo ocorrendo com relação à comparação entre as redes municipais do estado e as da região;

- as escolas privadas do estado só apresentaram rendimento inferior à média da região no abandono escolar no ensino médio.

- OS RESULTADOS DA REGIÃO SUL

O destaque na região Sul é para o estado de Santa Catarina que apresentou todos os resultados melhores que os da região. No estado do Paraná, o percentual de alunos reprovados na educação básica é menor que a média da região, apresentando o estado apenas o índice de abandono escolar no ensino fundamental superior ao da região.

Já o estado do Rio Grande do Sul só não apresentou rendimento inferior à média da região no abandono escolar no ensino fundamental, apesar do percentual aproximar-se da média.

Podemos destacar em cada estado:

- quanto ao estado de Santa Catarina:

- em todas as dependências administrativas, os rendimentos foram superiores à média da região;

- só apresentou rendimentos inferiores à média do estado a rede estadual de ensino, tanto no aspecto reprovação como no abandono escolar;

- também na comparação com as redes, estaduais municipais e privadas da região, os rendimentos do estado de Santa Catarina são maiores que a média, em cada um dos casos.

- quanto ao estado do Rio Grande do Sul:

- apresentou rendimentos inferiores ao da região, excetuando o abandono escolar no ensino fundamental;

- a rede estadual de ensino apresentou todos os percentuais superiores à média do estado, com alto índice de reprovação tanto no ensino fundamental (17,8%) como no ensino médio (21,8%);

- as redes municipais de ensino do estado apresentaram percentual de abandono escolar no ensino médio superior à média do estado. Aliás, os rendimentos no ensino médio, tanto no que se refere à reprovação como ao abandono foram bastante altos (16,7% e 19,0%, respectivamente);

- as escolas privadas apresentaram percentual elevado de reprovação no ensino médio (7,4%), o maior da região;

- a rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul apresentou percentuais de alunos reprovados superiores à média das redes estaduais da região, assim como o percentual de abandono escolar no ensino médio;

- as redes municipais de ensino do estado apresentaram todos os percentuais maiores que a média das redes municipais da região;

- as escolas privadas apresentaram percentuais maiores de alunos reprovados que a média das escolas privadas da região, assim como o de abandono escolar no ensino médio.

-quanto ao estado do Paraná:

- no quesito reprovação e no abandono escolar no ensino médio, o estado apresentou percentuais menores que a média da região;

- a rede estadual de ensino apresentou todos os percentuais superiores à média do estado;

- as redes municipais de ensino, ministrando apenas o ensino fundamental, apresentaram resultados melhores que a média do estado.

- a rede estadual de ensino apresentou percentuais de alunos reprovados inferiores à média das escolas estaduais da região, assim como no abandono no ensino médio;

- as redes municipais de ensino apresentaram rendimentos melhores que a média das redes municipais da região;

- todos os resultados das escolas privadas foram melhores que a média das escolas privadas da região.

- OS RESULTADOS DA REGIÃO CENTRO-OESTE

O estado do Mato Grosso do Sul apresentou rendimentos inferiores aos da região em todos os aspectos analisados, tendo apresentado o maior percentual de alunos reprovados no ensino fundamental (15,5%). No ensino médio, o percentual (18,3%) só é inferior ao do Distrito Federal (18,7%).

O estado do Mato Grosso apresentou percentual de alunos reprovados no ensino médio superior à média da região, assim como o percentual de alunos evadidos. No ensino fundamental, teve o menor percentual de alunos reprovados (3,8%), assim como de alunos evadidos(0,8%).

O estado de Goiás teve percentuais de alunos reprovados no ensino fundamental e médio menores que os da região. Já no abandono escolar os percentuais são maiores que os da região.

O Distrito Federal, em termos de reprovação, apresentou números superiores aos da região, mas, com relação ao abandono escolar os percentuais apresentados são bem menores que a média (1,1 e 6,6).

Podemos, ainda, destacar em cada um dos estados:

- quanto ao estado do Mato Grosso do Sul:

- a rede estadual de ensino apresentou altos índices de reprovação nas duas etapas de ensino (21,0% e 20,1%). O abandono escolar no ensino médio foi de 12,6%;

- as redes municipais de ensino, ministrando apenas o ensino fundamental, apresentaram percentual de 13,6% de alunos reprovados, mas o percentual de abandono escolar foi de 1,4%;

- as escolas privadas apresentaram o percentual de 3,2% de alunos reprovados no ensino fundamental, o maior da região.


- quanto ao estado do Mato Grosso:

- a rede estadual de ensino apresentou percentual de 1,9% de alunos reprovados e 0,6% de alunos evadidos no ensino fundamental, o melhor rendimento da região entre as redes estaduais;

- as redes municipais de ensino do estado também apresentaram o melhor rendimento da região no ensino fundamental, nos dois aspectos analisados, entre as redes municipais da região;

- as escolas privada do estado apresentaram o melhor rendimento entre as escolas privadas da região.

-quanto ao estado de Goiás:

- enquanto a rede estadual de ensino apresentou um percentual de abandono escolar, no ensino médio, igual a 13,7%, as redes municipais apresentaram o percentual de 1,3%. No ensino fundamental, os números foram 6,7% e 3,1% respectivamente;

- os percentuais de reprovação no ensino médio da rede pública são bem próximos: 13,2% na rede estadual e 12,7% na rede municipal.

- quanto ao Distrito Federal:

- as escolas privadas apresentaram o maior percentual de reprovação no ensino médio em comparação com as escolas privadas da região;

- a rede estadual de ensino apresentou o maior percentual de reprovação no ensino médio, comparando-se com as redes estaduais dos demais estados da região;

-no ensino fundamental, a rede estadual de ensino apresentou o segundo pior índice de reprovação da região.

Incidência da pobreza, reprovação, abandono escolar e distorção idade série

Analisamos, até aqui, os índices de distorção idade-série no Brasil, nas regiões e nos estados da federação, as taxas de rendimento das regiões e estados da federação, bem como alguns dados sobre a incidência da pobreza, definida como sendo "uma estimativa percentual de pessoas abaixo da linha de pobreza" (Glossário da pobreza e desenvolvimento humano. Relatório do Desenvolvimento Humano de 1997, in: http://www.pnud.org.br/hdr/hdr97/rdh7-1.htm).

Organizemos os dados apresentados de forma a facilitar a verificação da existência de relações de causa e efeito entre as taxas estudadas. Assim, a tabela 6 apresentará de forma mais didática os dados discutidos.


Tabela 6: Incidência da pobreza, rendimento e distorção idade série por região e estado da federação

REGIÃO/ESTADO

INCIDÊNCIA DA POBREZA (%)


REPROVAÇÃO FUNDAMENTAL/MÉDIO (%)

ABANDONO ESCOLAR FUNDAMENTAL/MÉDIO (%)


DISTORÇÃO IDADE SÉRIE FUNDAMENTAL/MÉDIO (%)

NORTE

RONDÔNIA

RORAIMA

AMAPÁ

TOCANTINS

ACRE

PARÁ

AMAZONAS

28,70

27,2

39,13

39,62

41,28

43,29

43,14

48,41

11,5/11,0

15,1/11,8

8,6/12,8

10,4/11,6

8,8/10,0

6,6/9,3

12,0/12,0

11,7/8,7

4,4/14,8

3,0/11,6

1,8/6,1

3,4/16,1

1,5/8,0

2,3/13,0

5,3/19,3

5,5/10,2

34,8/50,0

26,9/30,3

22,8/23,5

27,1/42,6

23,8/34,2

29,1/36,3

39,9/59,2

35,8/51,0

NORDESTE

BAHIA

SERGIPE

RIO GRANDE DO NORTE

PERNAMBUCO

CEARÁ

PIAUÍ

MARANHÃO

PARAÍBA

ALAGOAS

77,1

43,47

47,80

52,27


52,50

52,89

53,11

56,38

57,48

59,54

12,7/9,6

15,8/12,7

20,0/14,3

14,9/6,6


11,3/8,7

8,8/7,5

12,6/9,4

9,0/9,1

13,9/8,3

14,1/10,5

5,5/14,2

6,7/15,8

5,2/15,6

5,7/17,3


4,8/11,2

3,0/10,6

3,3/16,6

3,6/14,4

8,3/17,3

22,3/17,7

32,7/46,6

38,1/49,7

37,9/51,6

31,1/45,4


29,7/45,5

25,5/34,7

34,8/56,7

30,5/48,3

34,5/41,7

35,4/49,4

SUDESTE

MINAS GERAIS

SÃO PAULO

ESPÍRITO SANTO

RIO DE JANEIRO

13,3

26,60

26,60

30,88


32,44

7,8/14,0

7,6/6,4

4,9/12,6

10,6/14,0


14,9/19,0

1,5/7,1

2,0/6,6

0,8/4,5

1,9/7,0


2,5/12,8

15,5/26,2

19,3/31,3

8,4/18,1

20,6/25,1


28,0/43,5

SUL

RIO GRANDE DO SUL

SANTA CATARINA

PARANÁ

0,9

25,94


27,19

39,07

10,5/14,6

14,4/20,1


6,3/10,6

9,3/11,9

1,6/8,4

1,5/11,1


0,8/7,1

2,1/6,7

17,8/24,6

22,6/30,5


15,2/16,4

14,8/23,9

CENTRO-OESTE

GOIÁS

MATO GROSSO DO SUL

MATO GROSSO

DISTRITO FEDERAL

12,1

33,90

34,23


34,34

37,71

9,2/15,5

8,6/12,2

15,5/18,3


3,8/17,5

10,1/18,7

2,6/10,7

3,9/11,8

2,7/11,0


0,8/11,5

1,1/6,6

21,3/33,2

21,7/33,6

27,0/33,1


18,3/35,5

17,9/29,4


ANÁLISE:

Iniciaremos a análise, comparando a incidência da pobreza com as taxas de rendimento e com a taxa de distorção idade-série, e de cada taxa de rendimento com a taxa de distorção idade-série, verificando uma possível relação entre elas, tomando como referência o Censo 2010.

AS REGIÕES:

Com relação às regiões, já mostramos que, segundo o Mapa da Pobreza e Desigualdade 2003, elaborado pelo IBGE, a pobreza, em ordem crescente, tem a seguinte ordem: Nordeste, Norte, Sudeste, Centro Oeste e Sul. Em termos de reprovação escolar, no ensino fundamental, colocando-se as taxas obtidas em ordem decrescente, temos: Nordeste, Norte, Sul, Centro-Oeste e Sudeste. As regiões mais pobres (Norte e Nordeste) apresentam maior percentual de alunos reprovados no ensino fundamental. No entanto, entre as regiões mais ricas a ordem é alterada: a região Sul, que apresenta a menor incidência da pobreza, fica colocada em terceiro lugar em reprovações, enquanto a região Sudeste, terceira em incidência da pobreza, é a que apresenta menor taxa de alunos reprovados nessa etapa da educação básica. A região Centro-Oeste assume, nessa análise, a mesma ordem assumida em relação à incidência da pobreza.

No ensino médio, a ordem colocada é: Centro-Oeste, Sul, Sudeste, Nordeste e Norte. Nessa etapa, portanto, a ordem se inverte: as regiões mais ricas apresentam maior percentual de reprovações que as regiões mais pobres. Entre as mais ricas, também a ordem é alterada, e, mais uma vez, a região Sul não se destaca com os melhores resultados entre as demais regiões, tendo ocupada a segunda posição em percentual de reprovação

Considerando, agora, o abandono escolar, vemos que, no ensino fundamental, em ordem decrescente de taxas de reprovação, temos: Nordeste, Norte, Centro-Oeste, Sul e Sudeste. O bloco das regiões mais ricas apresenta menos abandono escolar que o bloco das mais pobres, e, entre as mais pobres, a ordem é a mesma que com relação à incidência da pobreza. Com relação ao bloco das mais ricas, mais uma vez a região Sul é deslocada da posição ocupada com relação à incidência da pobreza. A ordem também é alterada com relação às regiões Sudeste e Centro-Oeste, com a região Sudeste assumindo a liderança, em termos de melhor resultado.

No ensino médio, a ordem colocada é a seguinte: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste. A ordem colocada só é alterada, com relação à do ensino fundamental, entre as regiões Norte e Nordeste, com a região Norte apresentando maior percentual de alunos que abandonaram o ensino médio.

E a distorção idade-série? O que os números indicam comparando-a com a incidência da pobreza?

No ensino fundamental, a ordem decrescente das taxas de distorção idade-série é a seguinte: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste. O bloco das regiões mais pobres(Norte e Nordeste) apresentou maior percentual de alunos com distorção idade-série, havendo uma inversão com relação à incidência da pobreza entre as duas regiões. Entre as regiões mais ricas, a região Sudeste, com maior incidência da pobreza, apresentou melhores resultados nesse quesito. A região Sul continua sem assumir a liderança ocupada em relação à riqueza.

No ensino médio, as regiões tiveram o seguinte comportamento: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, ocorrendo alteração, com relação ao ensino fundamental, entre as regiões Sul e Sudeste, com a região Sul apresentando, neste quesito, o melhor rendimento entre as diferentes regiões.

Considerando, agora, a relação entre reprovação e distorção idade-série no ensino fundamental, temos que, os pares ordenados (reprovação/distorção) em cada região, foram assim apresentados: Nordeste (12,7/32,7), Norte (11,5/34,8), Sul (10,5/17,8), Centro-Oeste (9,2/21,3) e Sudeste (7,8/15,5). Assim, verificamos que o bloco das regiões com maior incidência da pobreza apresentou os maiores percentuais de alunos reprovados e também os maiores percentuais de distorção idade-série, ocorrendo, no entanto, uma inversão entre os estados: a região Nordeste apresentou o maior percentual de reprovação, mas foi a região Norte a apresentar a maior taxa de distorção idade-série. Entre as regiões com menor incidência da pobreza, a região Sudeste apresentou a menor taxa de reprovação e também a menor taxa de distorção idade-série. Entre as regiões Sul e Centro-Oeste, houve uma inversão: a região Sul apresentou taxa de reprovação maior que a da região Centro-Oeste, mas taxa de distorção idade-série menor.

No ensino médio, os pares ordenados podem ser assim representados: Nordeste (9,6/46,6), Norte (11,0/50,0), Sul (14,6/24,6), Centro-Oeste (15,5/33,2) e Sudeste (14,0/26,2), verificando-se que, com relação às regiões com maior incidência da pobreza, a situação se inverte: apesar de elas apresentarem os menores percentuais de alunos reprovados, apresentam os maiores percentuais de distorção idade-série. Entre aquelas regiões com menor incidência da pobreza, a região Centro-Oeste apresentou o maior índice de reprovação e também a maior taxa de distorção idade-série. Quanto às regiões Sul e Centro-Oeste, os percentuais foram aproximados tanto na taxa de reprovação, quanto na distorção idade-série.

A relação entre abandono escolar e distorção idade-série no ensino fundamental de cada região pode ser assim representada: Nordeste (5,5/32,7), Norte (4,4/34,8), Sul (1,6/17,8), Centro-Oeste (2,6/21,3) e Sudeste (1,5/15,5), verificando-se que no grupo das regiões com menor incidência da pobreza, quanto maior o percentual de abandono escolar, maior a taxa de distorção idade-série. Entre as regiões Norte e Nordeste, a região Norte apresenta o menor índice de reprovação, mas apresenta a maior taxa de distorção idade-série.

E a relação entre reprovação e abandono escolar? Existe alguma relação de causa e efeito? Verifiquemos, também, essa relação, inicialmente, no ensino fundamental. Os pares ordenados, neste caso, podem ser assim representados: Nordeste (12,7/5,5), Norte (11,5/4,4), Sul (10,5/1,6), Centro-Oeste (9,2/2,6) e Sudeste (7,8/1,5), verificando-se que nas regiões Norte e Nordeste, quanto maior o percentual de reprovação, maior o percentual de abandono escolar. No caso das regiões com menor incidência da pobreza, apesar da região Centro-Oeste ter apresentado índice de reprovação menor que o da região Sul, a taxa de abandono escolar é maior. Nas regiões Sul e Sudeste, a correspondência verificada entre as regiões Norte e Nordeste se repete.

No ensino médio, os pares ordenados são: Nordeste (9,6/14,2), Norte (11,0/14,8), Sul ( 14,6/8,4), Centro-Oeste (15,5/10,7) e Sudeste (14,0/7,1), verificando-se de imediato que, apesar das regiões com maior incidência da pobreza apresentarem percentuais menores de reprovação do que os percentuais das regiões com menor incidência da pobreza, elas apresentam taxas de abandono escolar maiores, mas, entre elas, quanto maior a taxa de reprovação, maior a taxa de abandono escolar. Entre as regiões com menor incidência da pobreza, quanto maior a taxa de reprovação, maior a taxa de abandono escolar.


OS ESTADOS DA REGIÃO NORDESTE

Com relação à região Nordeste, segundo o Mapa da Pobreza 2003, a incidência da pobreza, em ordem crescente, é a seguinte: Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Ceará, Piauí, Maranhão, Paraíba e Alagoas. Em termos de reprovação escolar, no ensino fundamental, colocando-se as taxas obtidas em ordem decrescente, temos: Sergipe, Bahia, Rio Grande do Norte, Alagoas, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Maranhão e Ceará, verificando-se que os três estados com menor incidência da pobreza apresentam os mais altos índices de reprovação. Alagoas e Paraíba, que apresentam as maiores incidências da pobreza, ocupam o quarto e quinto lugares, respectivamente, em percentuais de alunos reprovados. Destaque para os estados do Ceará e do Maranhão: o Ceará, ocupando o quinto lugar na incidência da pobreza, é o estado que apresentou o melhor rendimento; o Maranhão, sétimo lugar na incidência da pobreza, apresentou o segundo melhor rendimento da região.

Analisando os índices de reprovação no ensino médio, os estados, em ordem decrescente de rendimentos, são: Sergipe, Bahia, Alagoas, Piauí, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, verificando-se que os estados de Sergipe e Bahia mantem os maiores índices de reprovação, tal como no ensino fundamental. O estado do Rio Grande do Norte, do grupo dos três estados com menor incidência da pobreza, no entanto, abandona o grupo dos que mais reprovaram no ensino fundamental: no ensino médio, é ele que apresenta o melhor rendimento. O estado do Ceará que se destacou no ensino fundamental apresentando o melhor rendimento, aqui fica em segundo lugar. O estado de Alagoas teve o terceiro maior percentual de alunos reprovados, enquanto o estado da Paraíba apresentou o terceiro melhor resultado.

Com relação ao abandono escolar no ensino fundamental, a ordem, sempre decrescente, é a seguinte: Alagoas, Paraíba, Bahia, Rio Grande do Norte, Sergipe, Pernambuco, Maranhão, Piauí e Ceará, verificando-se que os estados que apresentam a maior incidência da pobreza, Alagoas e Paraíba, também apresentaram os mais altos índices de abandono escolar, seguidos pela Bahia, Rio Grande do Norte e Sergipe, os três estados da região com menor incidência da pobreza. O estado do Ceará continua a ser destaque nesta análise, apresentando o melhor rendimento neste quesito.

No ensino médio, a ordem dos estados é a seguinte: Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Bahia, Sergipe, Maranhão, Pernambuco e Ceará. Também nesta etapa da educação básica, quanto maior a incidência da pobreza, maior foi o percentual de abandono escolar detectado. Isto é: mais uma vez, Alagoas e Paraíba apresentaram os maiores índices. No entanto, entre os três maiores índices, encontra-se o estado do Rio Grande do Norte, um dos três estados com menor incidência da pobreza. Os outros dois estados na mesma situação, Bahia e Sergipe, obtiveram, respectivamente, o quinto e o sexto maiores índices. O estado do Ceará apresentou o menor percentual de abandono escolar, seguido por Pernambuco e Maranhão.

Quanto à distorção idade-série no ensino fundamental, a ordem decrescente de percentuais é: Bahia, Sergipe, Alagoas, Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte, Maranhão, Pernambuco e Ceará, verificando-se que os dois estados com menor incidência da pobreza também são os que apresentam maiores percentuais de alunos com distorção idade-série, seguidos pelo estado de Alagoas, o estado com maior incidência da pobreza. O estado do Ceará, mais uma vez, apresenta o melhor rendimento, seguido, como no ensino fundamental, pelos estados Pernambuco e Maranhão.

No ensino médio, a ordem, sempre decrescente, foi a seguinte: Piauí, Sergipe, Bahia, Alagoas, Maranhão, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará. Entre os três estados que apresentaram os maiores percentuais de abandono escolar, dois estão entre os três estados com menor incidência da pobreza: Sergipe e Bahia. O estado do Ceará apresentou o melhor rendimento, seguido pelo estado da Paraíba, segundo em incidência da pobreza.

A relação entre reprovação e distorção idade-série no ensino fundamental pode ser assim representada, em cada um dos estados da região: Bahia (15,8/38,1), Sergipe (20,0/37,9), Rio Grande do Norte (14,9/31,1), Pernambuco (11,3/29,7), Ceará ( 8,8/25,5), Piauí (12,6/34,8), Maranhão (9,0/30,5), Paraíba (13,9/34,5) e Alagoas (14,1/35,4), verificando-se que os dados da região parecem indicar uma relação de causa e efeito entre a reprovação escolar e a distorção idade-série, vista que considerando-se a ordem dos rendimentos obtidos em cada estado, não existe correspondência entre eles apenas nos estados do Rio Grande do Norte e do Piauí . Enquanto o primeiro ficou, em ordem decrescente dos rendimentos, em terceiro lugar no quesito reprovação, no quesito distorção idade-série ele ocupou o sexto lugar, o segundo ocupou a sexta posição no quesito reprovação e a quarta no quesito distorção idade-série. Quanto aos outros estados a correspondência foi a seguinte: o estado do Sergipe, com a maior taxa de reprovação da região, ocupou a segunda maior em distorção idade-série; a Bahia, com a segunda maior taxa de reprovação, ocupou a primeira posição em distorção; Pernambuco, com a sétima maior taxa de reprovação, ocupou a sexta posição em distorção; o estado do Maranhão, com a oitava maior taxa de reprovação, ocupou a sétima posição em distorção; o estado de Alagoas, com a quarta maior taxa de reprovação, ocupou a terceira posição em distorção; os estados da Paraíba e do Ceará ocuparam as mesmas posições em ambos os quesitos analisados.

No ensino médio, os pares ordenados podem ser assim representados: Bahia (12,7/49,7), Sergipe (14,3/51,6), Rio Grande do Norte (6,6/45,4), Pernambuco (8,7/45,5), Ceará (7,5/34,7), Piauí (9,4/56,7), Maranhão (9,1/48,3), Paraíba (8,3/41,7) e Alagoas (10,5/49,4), verificando-se que, excetuando-se os estados do Rio Grande do Norte e Piauí, todos os outros tiveram rendimentos mais ou menos correspondentes nos dois quesitos analisados.

A relação entre abandono escolar e distorção idade-série no ensino fundamental pode ser assim representada: Bahia (6,7/38,1), Sergipe (5,2/37,9), Rio Grande do Norte (5,7/31,1), Pernambuco (4,8/29,7), Ceará (3,0/10,6), Piauí (3,3/34,8), Maranhão (3,6/30,5), Paraíba (8,3/34,5) e Alagoas (22,3/35,4), podendo-se verificar que houve uma correspondência exata entre a posição em relação ao abandono escolar e à distorção idade-série apenas nos estados do Ceará e Maranhão.

No ensino médio, os pares ordenados podem ser assim organizados: Bahia (15,8/49,7), Sergipe (15,6/51,6), Rio Grande do Norte (17,3/45,4), Pernambuco (11,2/45,5), Ceará (10,6/34,7), Piauí (16,6/56,7), Maranhão (14,4/48,3), Paraíba (17,3/471,7) e Alagoas (17,7/49,4). Dessa vez, apenas o Ceará apresenta resultados correspondentes nos dois quesitos: sempre o melhor rendimento.

Os pares ordenados que representam a relação entre reprovação e abandono escolar no ensino fundamental dos estados da região Nordeste são os seguintes: Bahia (15,8/6,7), Sergipe (20,0/5,2), Rio Grande do Norte (14,9/5,7), Pernambuco (11,3/4,8), Ceará ( 8,8/3,0), Piauí (12,6/3,3), Maranhão (9,0/3,6), Paraíba (13,9/8,3) e Alagoas (14,1/22,3), verificando-se que os dois estados com maior incidência da pobreza, Paraíba e Alagoas, apesar de apresentar, com relação aos outros estados da região, a quinta e a quarta posições, respectivamente, em ordem decrescente, no quesito reprovação, ficam nas duas piores posições nos percentuais de abandono escolar. Também os estados de Pernambuco apresentaram no quesito abandono escolar rendimento pior que na reprovação, comparando-se com os outros estados da região. Os demais estados subiram de posição, com exceção do estado do Ceará que apresentou o melhor rendimento nos dois quesitos analisados.

No ensino médio, os pares ordenados que representam os rendimentos dos estados são: Bahia (12,7/15,8), Sergipe (14,3/15,6), Rio Grande do Norte (6,6/17,3), Pernambuco (8,7/11,2), Ceará (7,5/10,6), Piauí (9,4/16,6), Maranhão (9,1/14,4), Paraíba (8,3/17,3) e Alagoas (10,5/17,7), verificando-se, mais uma vez, que os estados da Paraíba e Alagoas, estados com maior incidência da pobreza da região, apresentaram os maiores percentuais de abandono escolar. O estado da Paraíba que no quesito reprovação ficava em sétimo lugar no estado, considerando-se a ordem decrescente de rendimentos, passa a figurar no quesito abandono escolar em segundo lugar. O estado do Rio Grande do Norte que apresentou o melhor rendimento no quesito reprovação (9ª posição) caiu para a terceira posição, enquanto o estado do Piauí manteve a mesma posição. Os demais estados apresentaram percentuais de abandono escolar inferiores aos de reprovação.

OS ESTADOS DA REGIÃO NORTE

A incidência da pobreza nos estados da região Norte, ordenada de forma crescente, é a seguinte: Rondônia, Roraima, Amapá, Tocantins, Acre, Pará, Amazonas. Em termos de reprovação escolar no ensino fundamental, colocando os desempenhos de cada estado em ordem decrescente, temos: Rondônia, Pará, Amazonas, Amapá, Tocantins, Roraima e Acre, verificando-se que o estado com menor incidência da pobreza também é o que apresentou maior índice de reprovação. Os estados do Pará e do Amazonas, estados com maior incidência da pobreza da região, apresentaram os segundo e terceiro maiores índices de reprovação. O estado do Acre, terceiro em incidência da pobreza, apresentou o melhor rendimento no quesito reprovação.

No ensino médio, a ordem dos estados, considerando-se a ordem decrescente de rendimentos, é a seguinte: Roraima, Pará, Rondônia, Amapá, Tocantins, Acre e Amazonas, verificando-se que entre os estados que apresentaram os quatro piores rendimentos, três estão entre os estados com menor incidência da pobreza: Roraima, Rondônia e Amapá. O estado do Amazonas, por sua vez, estado da região com maior incidência da pobreza, é o estado que apresentou menor percentual de alunos reprovados, seguido do estado do Acre.

Quanto ao abandono escolar no ensino fundamental, a ordem dos estados, sempre em ordem decrescente, é: Amazonas, Pará, Amapá, Rondônia, Acre, Roraima e Tocantins, verificando-se que os dois estados com maior incidência da pobreza também foram os estados que apresentaram maiores percentuais de abandono escolar. Verificou-se, ainda, que entre os três com maiores percentuais de abandono escolar, encontra-se o estado do Amapá, estado que figura entre os três da região com menor incidência da pobreza. O estado do Tocantins foi o que apresentou o melhor rendimento neste quesito.

No caso do ensino médio, a ordem é a seguinte: Pará, Amapá, Acre, Rondônia, Amazonas, Tocantins e Roraima. O maior percentual foi apresentado pelo estado do Pará, o segundo estado em incidência da pobreza, seguido pelo Amapá, terceiro estado com menor incidência da pobreza. O estado que apresentou menor percentual de abandono escolar foi Roraima, segundo estado com menor incidência da pobreza na região.

A distorção idade-série nos estados da região Norte seguiu a seguinte ordem, no ensino fundamental: Pará, Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Tocantins e Roraima. Os três estados com maior incidência da pobreza também foram os que apresentaram maior percentual de alunos com distorção idade-série, seguidos pelo estado do Amapá, estado que está entre os três com menor incidência da pobreza. O estado que apresentou o melhor rendimento neste quesito foi o estado de Roraima, segundo entre os estados com menor incidência da pobreza.

No ensino médio, a ordem foi a seguinte: Pará, Amazonas, Amapá, Acre, Tocantins, Rondônia e Roraima. Os dois estados que apresentaram os maiores índices, Pará e Amazonas, também são os dois estados com maior incidência da pobreza. Entre os três com os piores rendimentos, encontra-se o estado do Amapá, terceiro estado com a menor incidência da pobreza. Rondônia e Roraima, dois estados com a menor incidência da pobreza, apresentaram os menores percentuais de distorção idade-série.

A relação entre reprovação e distorção idade-série no ensino fundamental entre os estados da região Norte pode ser representada mediante os seguintes pares ordenados: Rondônia (15,1/26,9), Roraima (8,6/22,8), Amapá (10,4/27,1), Tocantins (8,8/23,8), Acre (6,6/29,1), Pará (12,0/39,9) e Amazonas (11,7/35,8), verificando-se que os três estados com maior incidência da pobreza apresentaram resultados piores na distorção idade-série que na reprovação: o estado do Amazonas que apresentou o terceiro pior resultado no quesito reprovação, apresentou na distorção idade-série o segundo pior resultado da região; o estado do Pará com o segundo pior resultado na reprovação, apresentou na distorção idade-série o pior resultado da região; e o estado do Acre que apresentou um dos três melhores resultados no quesito reprovação, apresentou o terceiro pior na distorção idade-série.

No ensino médio, os pares ordenados são: Rondônia (11,8/30,3), Roraima (12,8/22,8), Amapá (11,6/42,6), Tocantins (10,0/34,2), Acre (9,3/36,3), Pará (12,0/59,2) e Amazonas (8,7/51,0), verificando-se que o estado de Roraima que, no quesito reprovação, apresentou o pior rendimento da região, no quesito distorção idade-série é o que apresenta o melhor resultado. Por outro lado, o estado do Amazonas que apresentou o melhor resultado no quesito reprovação, apresentou, na distorção idade-série, o segundo pior resultado. O pior ficou com o estado do Pará, que teve o segundo pior resultado no quesito reprovação. Apresentaram, também, resultados piores do que os apresentados no quesito reprovação, comparando-se com os outros estados da região, na distorção idade-série, os estados do Amapá e do Acre.

A relação entre o abandono escolar e a distorção idade-série no ensino fundamental pode ser assim representada: Rondônia (3,0/26,9), Roraima (1,8/22,8), Amapá (3,4/27,1), Tocantins (1,5/23,8), Acre (2,3/29,1), Pará (5,3/39,9) e Amazonas (5,5/35,8), verificando-se que, se considerarmos a ordem de ocorrência do quesito abandono escolar e a ordem de ocorrência da distorção idade-série, na região, pode-se estabelecer uma relação de causa e efeito entre eles. Vejamos: o Amazonas, estado com a maior incidência da pobreza, foi o estado que apresentou o maior percentual de abandono escolar e foi o estado que apresentou o segundo pior resultado na distorção idade-série; o Pará, segundo na incidência da pobreza, apresentou o segundo pior resultado referente ao abandono escolar e o pior resultado na distorção idade-série; o estado do Acre, terceiro na incidência da pobreza, apresentou o terceiro pior resultado na distorção idade-série e o quinto em abandono escolar. Os outros estados ocuparam, na distorção idade-série, ordens um ponto superior ou inferior à obtida no quesito abandono escolar.

No ensino médio, a mesma relação pode ser assim representada: Rondônia (11,6/30,3), Roraima (6,1/23,5), Amapá (16,1/42,6), Tocantins (8,0/34,2), Acre (13,0/36,3), Pará (19,3/59,2) e Amazonas (10,2/51,0), verificando-se que o estado do Pará foi o que apresentou maior percentual de alunos reprovados e também o maior percentual de distorção idade-série. O Amazonas foi o quinto no percentual de alunos reprovados, mas o segundo em distorção Segue-o o estado do Amapá que apresentou o segundo pior resultado no quesito reprovação. Os outros estados se comportaram nesta etapa da educação básica com resultados semelhantes aos do ensino fundamental.

A relação reprovação e abandono escolar no ensino fundamental pode ser assim representada: Rondônia (15,1/3,0), Roraima (8,6/1,8), Amapá (10,4/3,4), Tocantins (8,8/1,5), Acre (6,6/2,3), Pará (12,0/5,3) e Amazonas (11,7/5,5), verificando-se que os dois estados com maior incidência da pobreza tiveram o seguinte comportamento quando comparamos os índices de reprovação e de abandono escolar: o Amazonas apresentou o terceiro maior percentual de alunos reprovados e o pior índice de abandono escolar; o estado do Pará apresentou o segundo maior percentual de alunos reprovados e o segundo maior índice de abandono escolar. O estado do Amapá apresentou o quarto maior percentual de alunos reprovados e o terceiro maior índice de abandono escolar. O estado de Rondônia, estado com a menor incidência da pobreza, foi o que apresentou maior percentual de alunos reprovados, mas apresentou o quarto maior percentual de abandono escolar na região.

No ensino médio, ficam assim os pares ordenados: Rondônia (11,8/11,6), Roraima ( 12,8/6,1), Amapá (11,6/16,1), Tocantins (10,0,8,0), Acre (9,3/13,0), Pará ( 12,0/19,3) e Amazonas (8,8/10,2), verificando-se que o estado de Roraima, segundo estado com menor incidência da pobreza, apresentou o maior índice de reprovação da região e o menor índice de abandono escolar. Por sua vez, o estado do Amapá, que está entre os três estados com menor incidência da pobreza, apresentou o quarto pior resultado no quesito reprovação e o segundo pior percentual de abandono escolar. O estado do Pará, segundo em reprovação, foi o que apresentou o maior percentual de abandono escolar. O Acre apresentou o terceiro pior resultado no abandono escolar e o sexto em reprovação.


OS ESTADOS DA
REGIÃO SUDESTE

Com relação à região Sudeste, a ordem dos estados considerando-se a incidência da pobreza é, em ordem crescente, Minas Gerais e São Paulo (com o mesmo percentual), Espírito Santo e Rio de Janeiro. Com relação à reprovação no ensino fundamental, iniciando por aquele que apresenta o maior percentual, temos: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo, coincidindo essa ordem, com a incidência da pobreza, Isto é: os mais ricos apresentaram menores índices de reprovação.

No ensino médio, o Rio de Janeiro e o Espírito Santo continuam a ocupar a mesma posição, ocorrendo alteração entre os estados de Minas Gerais e São Paulo, com São Paulo apresentando os piores índices. Aqui também os melhores rendimentos couberam aos mais ricos.

No que diz respeito ao abandono escolar no ensino fundamental, o estado do Rio de Janeiro continua a ocupar o último lugar em rendimento, seguido, agora, pelos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Nesse quesito, portanto, o estado do Espírito Santo superou o rendimento do estado de Minas Gerais. O estado de São Paulo continua na liderança, apresentando os melhores rendimentos. Esse resultado se repete nos rendimentos no ensino médio.

Quanto à distorção idade-série, a ordem dos estados da região mostra, no ensino fundamental, os estados com maior incidência da pobreza apresentando os maiores percentuais de alunos fora da idade adequada para a série/ano cursado. O estado de Minas Gerais, neste quesito, ultrapassa o rendimento do estado de São Paulo.

No ensino médio, o estado do Rio de Janeiro continua a apresentar o pior resultado, agora seguido pelos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, que retorna à liderança.

A relação entre reprovação e distorção idade-série no ensino fundamental da região pode ser representada mediante os pares ordenados seguintes: Minas Gerais (7,6/19,3), São Paulo (4,9/8,4), Espírito Santo (10,6/20,6) e Rio de Janeiro (14,9/28,0), podendo-se verificar que os resultados apresentados pelos estados seguem a mesma ordem nos dois quesitos analisados, isto é: quanto maior o índice de reprovação, maior o índice de distorção idade-série. Além disso, essa ordem é a mesma da incidência da pobreza: quanta maior a incidência da pobreza, maior o índice de reprovação e o índice de distorção idade- série.

No ensino médio, os resultados foram: Minas Gerais (6,4/31,3), São Paulo (12,6/18,1), Espírito Santo (14,0/25,1) e Rio de Janeiro (19,0/43,5), verificando-se que eles obedecem à mesma ordem do ensino fundamental, chegando-se, assim, à mesma conclusão: quanto maior o índice de reprovação, maior o índice de distorção e quanto maior a incidência da pobreza maior o índice de reprovação e de distorção.

Na relação abandono escolar e distorção idade-série no ensino fundamental, os resultados são os seguintes: Minas Gerais (2,0/19,3), São Paulo (0,8/8,4), Espírito Santo (1,9/20,6) e Rio de Janeiro (2,5/28,0), verificando-se que, o Rio de Janeiro, estado com a maior incidência da pobreza, apresenta o pior rendimento tanto no quesito reprovação, como no quesito distorção idade-série. O estado com menor incidência da pobreza, São Paulo, apresentou o melhor rendimento nos dois quesitos analisados. A ordem se inverteu nos estados do Espírito Santo e Minas Gerais, com o primeiro apresentando resultado pior que o do segundo no quesito reprovação, apesar de ter resultado melhor na distorção idade-série.

No ensino médio, os resultados foram: Minas Gerais (6,6/31,3), São Paulo (4,5/18,1), Espírito Santo (7,0/25,1) e Rio de Janeiro (12,8/43,5), obedecendo à mesma ordem que no ensino fundamental.

Quanto à relação abandono escolar e reprovação no ensino fundamental, os resultados dos estados da região tiveram o seguinte comportamento: Minas Gerais (7,6/2,0), São Paulo (4,9/0,8), Espírito Santo (10,6/1,9) e Rio de Janeiro (14,9/2,5), verificando-se que, mais uma vez, o estado com maior incidência da pobreza tem o pior rendimento em ambos os quesitos e o estado com menor incidência da pobreza tem o melhor rendimento em ambos. A não correspondência ficou por conta dos outros dois estados: o estado do Espírito Santo tem o pior resultado em reprovação, mas tem melhor resultado que o estado de Minas Gerais em abandono escolar.

No ensino médio, os resultados podem ser assim representados: Minas Gerais (6,4/6,6), São Paulo (12,6/4,5), Espírito Santo (14,0/7,0) e Rio de Janeiro (19,0/12,8), repetindo-se as conclusões anteriores. No entanto, chamam a atenção os resultados do Espírito Santo e Minas Gerais pelo fato de que enquanto os rendimentos em abandono escolar dos dois estados se aproximam (7,0 e 6,6), no que se refere à reprovação, eles estão bem distantes (14,0 e 6,4).


OS ESTADOS DA REGIÃO CENTRO-OESTE

Na região Centro-Oeste, a ordem com relação à incidência da pobreza, em ordem crescente é: Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Distrito Federal. No que diz respeito à reprovação no ensino, fundamental, a ordem da incidência, em ordem decrescente é a seguinte: Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso. O Mato Grosso do Sul, segundo entre os que apresentam menor incidência da pobreza, apresenta, no entanto, o maior percentual de alunos reprovados, seguido pelo Distrito Federal que possui a maior incidência da pobreza. O Mato Grosso, que está em segundo lugar em nível da incidência da pobreza, apresenta, no entanto, o menor percentual de alunos reprovados.

No ensino médio, existe uma inversão em relação à maior incidência da reprovação: o Distrito Federal assume o primeiro lugar e o Mato Grosso do Sul, o segundo. O menor percentual ficou com o estado de Goiás.

Analisando-se a situação do abandono escolar, no ensino fundamental, nos estados da região Centro-Oeste, verifica-se que os estados com maior incidência da pobreza apresentam percentuais menores que os estados com menor incidência da pobreza, ficando a ordenação dos estados da seguinte maneira: Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Distrito Federal.

No ensino médio, um resultado interessante: o estado com a menor incidência da pobreza (Goiás) apresentou o maior percentual de abandono escolar e o Distrito Federal, com a maior incidência da pobreza, o menor percentual. O estado do Mato Grosso ficou em segundo lugar, seguido pelo Mato Grosso do Sul.

Na distorção idade-série no ensino fundamental os estados com menor incidência da pobreza apresentaram os piores resultados, ficando a ordem entre eles da seguinte forma: Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal.

No ensino médio, o maior percentual é apresentado pelo estado do Mato Grosso, seguido pelos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.

A relação entre reprovação e distorção idade-série no ensino fundamental pode ser assim representada: Goiás (8,6/21,7), Mato Grosso do Sul (15,5/27,0), Mato Grosso (3,8/18,3) e Distrito Federal (10,1/17,9), verificando-se que o Distrito Federal, com maior incidência da pobreza, teve o segundo pior resultado no quesito reprovação, mas o melhor resultado em distorção idade-série. O estado do Mato Grosso do Sul teve o pior resultado nos dois quesitos. O estado do Mato Grosso teve o melhor resultado no quesito reprovação e o segundo melhor resultado em distorção. Goiás apresentou o segundo melhor resultado em reprovação e o terceiro pior em distorção.

No ensino médio, ficam assim os resultados: Goiás (12,2/33,6), Mato Grosso do Sul (18,3/33,1), Mato Grosso (17,5/35,5) e Distrito Federal (18,7/29,4), verificando-se que o Distrito Federal teve o pior resultado em reprovação, mas o melhor resultado em distorção, enquanto o estado do Mato Grosso teve o segundo melhor resultado em reprovação e o pior em distorção. Mato Grosso do Sul teve o terceiro pior resultado em reprovação e o segundo melhor em distorção, enquanto o estado de Goiás, estado com menor incidência da pobreza, apresentou o melhor rendimento em reprovação e o segundo pior resultado em distorção.

A relação entre abandono escolar e distorção idade-série no ensino fundamental pode ser assim representada: Goiás (3,9/21,7), Mato Grosso do Sul (2,7/27,0), Mato Grosso (0,8/18,3) e Distrito Federal (1,1/17,9). Nessa análise, verifica-se que o Distrito Federal, com maior incidência da pobreza, teve o segundo melhor resultado em abandono escolar e o melhor em distorção, enquanto o estado de Goiás, estado com menor incidência da pobreza, apresentou o pior rendimento considerando-se o abandono escolar e o terceiro pior resultado em distorção.

No ensino médio, ficam assim os resultados: Goiás (11,8/33,6), Mato Grosso do Sul (11,0/33,1), Mato Grosso (11,5/35,5) e Distrito Federal ( 6,6/29,4), verificando-se que o Distrito Federal apresentou o melhor resultado em abandono escolar e em distorção idade-série,enquanto o estado de Goiás apresentou o pior resultado em abandono escolar e o segundo pior em distorção. O Mato Grosso do Sul foi o segundo melhor nos dois quesitos e o estado do Mato Grosso foi o segundo pior em abandono escolar e o pior em distorção.

Na relação reprovação/abandono escolar no ensino fundamental, temos os seguintes resultados: Goiás (8,6/3,9), Mato Grosso do Sul (15,5/2,7) Mato Grosso (3,8/0,8) e Distrito Federal (10,1/1,1). Analisando-se os pares ordenados, verifica-se que o Distrito Federal apresentou o segundo pior resultado em reprovação e o segundo pior em abandono, enquanto o estado de Goiás apresentou o segundo melhor resultado em reprovação e o pior em abandono escolar. O Mato Grosso apresentou os melhores resultados nos dois quesitos e o estado do Mato Grosso do Sul apresentou no quesito reprovação o pior resultado e no abandono escolar o segundo pior.

No ensino médio, ficam assim os resultados: Goiás (12,2/11,8), Mato Grosso do Sul (18,3/11,0), Mato Grosso (17,5/11,5) e Distrito Federal (18,7/6,6), verificando-se que Goiás, estado com menor incidência da pobreza, apresentou o melhor resultado em reprovação e o pior em abandono escolar, enquanto o Distrito Federal, com maior em incidência da pobreza, apresentou o pior resultado em reprovação e o melhor em abandono escolar. O estado do Mato Grosso do Sul foi o segundo pior em reprovação e o segundo melhor em abandono escolar, enquanto o estado do Mato Grosso foi o segundo melhor em reprovação e o segundo pior em abandono escolar.

OS ESTADOS DA REGIÃO SUL

Na região Sul, a ordem dos estados, considerando-se a incidência da pobreza, em ordem crescente, é: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. No que diz respeito aos índices de reprovação, no ensino fundamental, o rendimento dos estados, em ordem crescente, é: Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, verificando-se que o estado com menor incidência da pobreza é o estado com maior índice de reprovação. O estado de Santa Catarina, segundo na incidência da pobreza, apresenta o menor índice de reprovação, chamando a atenção, também, a diferença entre o índice do Rio Grande do Sul, com menor incidência da pobreza, e o estado do Paraná, com maior incidência da pobreza: o primeiro apresentou índice de 14,4% e o segundo de 9,3%.

Também no ensino médio, o estado do Rio Grande do Sul apresentou o maior percentual de alunos reprovados, seguido pelos estados do Paraná e de Santa Catarina. Portanto, o estado de Santa Catarina apresentou o melhor rendimento também no ensino médio.

Quanto ao abandono escolar no ensino fundamental, o estado com maior incidência da pobreza apresentou, também, o maior índice de alunos reprovados, seguido do estado do Rio Grande do Sul, estado com menor incidência da pobreza. O estado de Santa Catarina, mais uma vez, apresentou o melhor rendimento.

Nos resultados do ensino médio, houve uma inversão com relação à incidência da pobreza: o estado com menor incidência da pobreza apresentou rendimento inferior aos estados com maior incidência da pobreza. Neste quesito, o estado com maior incidência da pobreza, o estado do Paraná, apresentou o melhor rendimento.

Considerando a distorção idade-série no ensino fundamental, aqui, também, ocorreu a inversão com relação à incidência da pobreza: o estado do Paraná, com maior incidência da pobreza, apresentou melhor rendimento que os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O estado com menor incidência da pobreza, Rio Grande do Sul, apresentou o pior rendimento.

No ensino médio, o estado do Rio Grande do Sul continua a apresentar o pior rendimento, seguido pelos estados do Paraná e Santa Catarina.

No que diz respeito à relação entre reprovação e distorção idade-série no ensino fundamental, os resultados obtidos podem ser assim representados: Rio Grande do Sul (14,4/22,6), Santa Catarina (6,3/15,2) e Paraná (9,3/14,8), verificando-se que o Rio Grande do Sul, estado da região com menor incidência da pobreza, apresentou o pior rendimento tanto em reprovação, como na distorção idade-série. O Paraná, estado com maior incidência da pobreza, apresentou o segundo pior resultado em reprovação, mas o pior em distorção. O estado de Santa Catarina teve o melhor resultado em reprovação e o segundo em distorção.

No ensino médio, os resultados foram: Rio Grande do Sul (20,1/30,5), Santa Catarina (10,6/16,4) e Paraná (11,9/23,9), verificando-se que, mais uma vez, o estado do Rio Grande do Sul apresentou os piores resultados nos dois quesitos analisados. Nos outros dois estados, a correspondência foi maior incidência da pobreza correspondendo a pior resultado e quanto maior o índice de reprovação, maior a distorção idade-série.

Na relação abandono escolar/distorção idade-série no ensino fundamental os pares ordenados podem ser assim organizados: Rio Grande do Sul (1,5/22,6), Santa Catarina (0,8/15,2) e Paraná (2,1/14,8, com o estado de Santa Catarina apresentando os melhores resultados nos dois quesitos. O estado do Paraná apresentou o pior resultado em abandono escolar e o segundo em distorção, enquanto o estado do Rio Grande do Sul apresentou o segundo resultado em abandono escolar e o pior em distorção.

No ensino médio, ficam assim os resultados: Rio Grande do Sul (11,1/30,5), Santa Catarina (7,1/16,4) e Paraná (6,7/23,9), com o Rio Grande do Sul apresentando os piores resultados da região nos dois quesitos analisados. O estado do Paraná tem o pior resultado em abandono, mas o segundo em distorção, e o estado de Santa Catarina apresentou o segundo melhor resultado em abandono e o melhor em distorção.

Na relação reprovação e abandono escolar no ensino fundamental, temos: Rio Grande do Sul (14,4/1,5), Santa Catarina (6,3/0,8) e Paraná (9,3/2,1), com o estado de Santa Catarina apresentando os melhores resultados nos dois quesitos. Nos outros dois estados os resultados se invertem: enquanto o Rio Grande do Sul apresentou o pior resultado em reprovação e o segundo em abandono, o estado do Paraná apresentou o segundo em reprovação e o pior resultado em abandono.

No ensino médio, ficam assim os resultados: Rio Grande do Sul (20,1/11,1), Santa Catarina (10,6/7,1) e Paraná (11,9/6,7), o estado do Rio Grande do Sul apresentando os piores resultados nos dois quesitos analisados. O estado de Santa Catarina ficou com o melhor resultado em reprovação e o segundo em abandono e o Paraná com o segundo em reprovação e o melhor em abandono.


CONCLUSÃO

Iniciamos este artigo julgando que, com os dados do Censo 2010 e mais os dados do Mapa da Pobreza 2003, conseguiríamos provar, em uma pesquisa quantitativa, que a incidência da pobreza, as taxas de rendimento (reprovação e abandono escolar) e os índices de distorção idade-série teriam uma relação de causa e efeito de tal forma que, quanto maior a incidência da pobreza maior seriam as taxas de reprovação, de abandono escolar e de distorção idade-série. Ainda que, quanto maior a reprovação e/ou o abandono escolar, maior a distorção idade-série; e, ainda, que quanto maior a reprovação, maior seria o abandono escolar.

Ao final desta pesquisa, verificamos que, as ocorrências não se dão de forma linear, de forma que, considerando-se todas as regiões ou todos os estados em cada região as conclusões possam ser generalizadas. É assim que verificamos que, no que diz respeito às regiões, no ensino fundamental, verifica-se a correspondência entre maior incidência da pobreza e maiores índices de reprovação no ensino fundamental, enquanto no ensino médio as regiões mais pobres apresentaram melhores rendimentos que as regiões mais ricas. Além disso, a região Sudeste, com a maior incidência da pobreza entre as regiões com menor incidência da pobreza, apresentou o melhor rendimento no quesito reprovação entre as regiões. Por sua vez, o Sul, região com menor incidência da pobreza, apresentou rendimentos, neste quesito, inferiores aos das regiões Sudeste e Centro-Oeste.

No ensino médio, a situação não é muito diferente: a região Sul apresentou índice de reprovação maior que as regiões Norte, Nordeste e Sudeste, com maior incidência da pobreza.

No quesito abandono escolar no ensino fundamental, as regiões com maior incidência da pobreza apresentaram maiores taxas de abandono escolar, mas, entre as regiões com menor incidência da pobreza, vê-se que, a região Sul, com a menor incidência da pobreza, apresenta o maior percentual, e, a região Sudeste, com a maior incidência da pobreza, o menor percentual.

No ensino médio, também as regiões com maior incidência da pobreza apresentaram piores rendimentos, mas, entre as regiões com menor incidência da pobreza, os rendimentos não correspondem à situação de pobreza de cada região: por exemplo, a região Sudeste, com a maior incidência da pobreza é a que apresenta o melhor rendimento.

Na distorção idade-série no ensino fundamental, também as regiões com maior incidência da pobreza apresentaram os piores resultados, mas, entre aqueles com menor incidência da pobreza, a região Sudeste, teoricamente a mais pobre, apresentou o melhor resultado entre essas regiões.

No ensino médio, repete-se o desempenho das regiões com maior incidência da pobreza, apresentando os maiores percentuais de abandono escolar.

O texto levará o leitor a concluir que outros fatores, que não a pobreza, influenciam a produtividade dos sistemas educacionais; que os sistemas públicos são os mais deficientes isso já está posto, mas, também, que dentro do sistema público de ensino, os sistemas estaduais são os mais deficitários.E algumas indagações têm que ser feitas. Como:

-por que as regiões mais pobres têm índices de reprovação no ensino médio melhores que as regiões mais ricas?

- por que estados mais ricos da região, como é o caso da Bahia e do Rio Grande do Sul, apresentam resultados piores do que o dos outros estados de suas regiões? E também o contrário: o que estados como o Ceará, o sexto na linha de pobreza da região, está a apresentar resultados melhores do que os estados com menor incidência da pobreza?

- por que o estado do Rio Grande do Sul, pertencente à região com menor incidência da pobreza e o estado com menor incidência da pobreza da região apresentou rendimentos tão deficitários?

- e por que, apesar das críticas ao estado de São Paulo pela adoção da progressão continuada no ensino fundamental, ele apresenta os melhores rendimentos da região?

- e o estado do Rio de Janeiro que apresenta, na região, os piores resultados em todos os quesitos?

- e por que o Distrito Federal apresenta o pior resultado no quesito reprovação no ensino fundamental e os melhores nos quesitos abandono escolar e distorção idade-série?

- e a relação entre reprovação e abandono escolar, por que o maior percentual verificado na reprovação não corresponde sempre ao acréscimo no abandono escolar?

Cremos que o tema tem que ser mais discutido e estudado. Não são apenas os fatores analisados neste artigo que darão respostas que possam orientar os responsáveis pela adoção de políticas públicas na área educacional. Outros fatores precisam ser levados em consideração como a formação dos professores e o incentivo à formação continuada; a seleção adequada dos profissionais de educação; os salários condignos e de acordo com a sua titulação; o compromisso dos profissionais da educação com os alunos, com a sociedade em geral e com a melhoria da educação no país; a infraestrutura adequada das escolas; o acesso dos professores e alunos a recursos didáticos que possam incrementar e motivar adequadamente a aprendizagem; o envolvimento de toda a sociedade, principalmente dos pais e responsáveis, com uma educação de qualidade; a mobilização da sociedade em torno da exigência de políticas públicas que possam alterar o quadro atual da situação educacional do país; uma carga horária de aulas condizente com as necessidades individuais dos alunos, entre outros.

Pesquisas têm que ser realizadas a fim de ser desvendado o motivo de sucessos em locais em que não se esperavam tão bons resultados e o motivo de insucessos em locais que teriam supostamente tudo para alcançarem o sucesso.

No Espírito Santo, o jornal "A Gazeta" do dia 8 de junho de 2011 trouxe a notícia: "Nota 10. Professores do interior dão lição de desempenho". E a notícia:

As escolas do interior do Estado mais uma vez mostraram que, em matéria de qualidade de ensino, dão um banho nas unidades da Região Metropolitana. Os melhores resultados do Índice de Desenvolvimento das Escolas Estaduais (IDE) estão em escola da zona rural, onde, na maioria das vezes, falta o básico, como salas de aula, livros, internet e onde os alunos de várias séries chegam a estudar, juntos, em um mesmo espaço, geralmente improvisado.

Entre as dez primeiras do ranking todas são do interior do Estado e entre as dez piores, são listadas oito escolas da região metropolitana. A pior escola está localizada na região metropolitana, mais especificamente em Cariacica. E a notícia traz que ela, a Escola Dr. José Moysés, que teve IDE de 8,89 (o maior foi de 77,47), está em obras desde o ano de 2008: a escola não conta com biblioteca, laboratórios e os alunos têm aulas de Educação Física em locais improvisados, porque a quadra de esportes está servindo de abrigo para os módulos instalados para servirem de sala de aula.

Por sua vez, mais recentemente, a revista Veja trouxe uma reportagem sob o título "Uma equação vencedora":

Um grupo de professores conseguiu a façanha de formar jovens campeões de matemática em locais cheios de adversidades e com os piores indicadores do país. Eles combinaram esforço com meritocracia( Veja, 24 ago. 2011, p. 104-108).

Com certeza, esses resultados não dependem apenas do esforço individual dos professores, apesar de ele ser um dos fatores principais. E outros fatores? São necessárias pesquisas que possam levar tais experiências a outros locais. Só não se pode admitir que os responsáveis pela adoção de políticas adequadas ao bom desenvolvimento da educação considerem que, se esses professores conseguiram bons resultados, na base do improviso, todos podem conseguir.

E os insucessos? Porque estados como a Bahia e o Rio Grande do Sul, com menor incidência da pobreza em suas regiões conseguem, em termos de educação, resultados inferiores aos estados com maior incidência da pobreza?

São muitas as respostas a serem dadas a essas e outras indagações. Mas, o Brasil precisa realmente é de ações que possam implementar políticas educacionais que possam modificar definitivamente o quadro instalado no País.


BIBLIOGRAFIA

DUARTE, Brunelli. Mais alunos com atraso de série. A Gazeta, Vitória, p. 7, 30 jul. 2011.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Mapa da pobreza e desigualdade 2003. Brasília (DF), 2008. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/link.php?>. Acesso em: 1 set. 2011.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCAC IONAIS. Censo 2010: Indicadores educacionais. Brasília (DF), 2010. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/indicadores-educacionais>. Acesso em: 1 set. 2011.

THOMPSON, Priscilla. Professores do interior dão lição de desempenho. A Gazeta, Vitória, p. 5, 8 jun. 2011.

UMA equação vencedora. Veja, São Paulo, 24 ago. 2011, p. 104-108.